Em momentos de juros altos, a renda fixa oferece muitas oportunidades para aumentar o patrimônio dos investidores com risco reduzido. Mas qual seria a melhor opção: as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) ou os CDBs (Certificados de Depósito Bancário)? Veja as diferenças e o que dizem os especialistas consultados pelo UOL. LCIs ou CDBs: qual é o mais indicado para o momento? CDBs são produtos abrangentes de captação bancária. Os bancos costumam emitir esses títulos como uma forma de conseguir recursos e oferecer empréstimos às pessoas físicas e empresas. Eduardo Amorim, especialista de investimentos da Manchester Investimentos, diz que os CDBs têm maior liquidez (disponibilidade do dinheiro) sobre as LCIs, com algumas opções de resgate diário. Outra característica é que a tributação é regressiva, ou seja, diminui com o passar do tempo. LCIs atendem ao setor imobiliário. Assim como os CDBs, as LCIs também são emitidas por instituições financeiras. A diferença é que esses ativos têm como foco exclusivamente o setor imobiliário. Investimentos em empreendimentos, financiamento habitacional, refinanciamento de imóveis e operações com lastros imobiliários aparecem na destinação de recursos. Ambos se beneficiam da Selic alta. Para Amorim, enquanto as LCIs se destacam pela isenção de IR (Imposto de Renda), os CDBs oferecem uma variedade maior de opções de prazos e modalidades, ampliando as possibilidades de diversificação. Ele acredita que os títulos pós-fixados devem receber maior atenção, justamente por conta da alta dos juros. LCIs levam vantagem por conta de isenção de IR às pessoas físicas. É o que afirma Tiago Feitosa, fundador da plataforma T2 Educação. No caso dos CDBs, a tributação começa em 22,5% ao ano, para o período de 180 dias, e chega a 15% quando o dinheiro permanecer investido por 720 dias. Ele também acredita que o mais recomendado agora são os investimentos pós-fixados, que tenham a rentabilidade atrelada à taxa DI. Juros devem chegar a 15% ao ano ao final de 2025. É o que aponta o boletim Focus, pesquisa do Banco Central realizada por meio de entrevista com economistas. Assim, a taxa só voltaria a cair a partir do próximo ano, quando chegaria a 12,50% a.a.. Dado o momento de mercado, é recomendável direcionar a maior parte dos investimentos para títulos pós-fixados, que aproveitam o cenário de juros altos e possíveis novos aumentos da Selic. Eduardo Amorim, especialista de investimentos da Manchester Investimentos. Quando optar por um dos investimentos? CDBs podem ou não ter prazo de carência para resgate. Em outras palavras, há opções em que o investidor pode fazer o saque e manter benefícios como a rentabilidade acumulada das aplicações. Para as LCIs, esse tempo é de, no mínimo, nove meses. "Se o investidor pretende investir por um prazo superior, a LCI pode ser uma boa alternativa em função da isenção fiscal. Mas se ele considera a necessidade de resgatar antes desse prazo, a opção seria um CDB", diz Feitosa, da T2. Estratégias para médio e longo prazo. Para investidores que não planejam resgatar o dinheiro no curto prazo, a análise é que as LCIs (e LCAs) levam vantagem, principalmente para períodos de até dois anos. Em contrapartida, os CDBs se mostram mais atrativos para quem tem um horizonte de investimento mais longo, considerando a tributação regressiva, diz Amorim, da Manchester. CDBs com liquidez diária podem ser usados para reserva de emergência. Algo que não é possível com as LCIs. Dessa maneira, mesmo a parcela do patrimônio mais importante dos investidores pode ganhar valor ao longo do tempo. Solidez da instituição financeira. Os dois investimentos têm riscos de crédito parecidos. Isso porque ambos contam com proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de até R$ 250 por CPF. O que vai determinar qual ativo possui maior risco é a solidez do banco emissor. Por isso, é necessário ficar atento no momento da contratação sobre o risco de determinada empresa financeira e estar atento para não ultrapassar o limite da proteção do FGC. LCIs ou CDBs: qual rende mais? Não necessariamente a LCI terá o maior rendimento. Pode acontecer de um CDB oferecer um prêmio tão alto que supere os ganhos com a LCI, mesmo que a segunda tenha a isenção da tributação. É sempre importante fazer as contas e comparar as taxas no período de 12 meses, afirma o sócio da One Investimentos, Vitor Oliveira. "Para ter a equivalência de taxa entre o valor bruto e líquido, a principal diferença é o horizonte de tempo." Veja como fazer os cálculos. No período de um ano, uma LCI que ofereça retorno de 90% do CDI terá retorno líquido de 11,83% ao ano. Esse cenário considera a taxa básica de juros no patamar atual, de 13,25% a.a.. Neste caso, o rendimento do CDI será de 13,15%, ou seja, apenas 0,10 ponto percentual menor do que a Selic. Rentabilidade da LCI: - 90% (retorno oferecido pelo investimento) x 13,15% (patamar atual do CDI)
- Resultado líquido: 11,83%.
No mesmo período, um CDB que ofereça 110% do CDI terá uma ligeira vantagem sobre as LCIs. Rentabilidade do CDB: - 110% (retorno oferecido pelo investimento) x 13,15% (patamar atual do CDI)
- Resultado Bruto: 14,46% ao ano.
Cálculo do imposto de renda: 1 (100% do rendimento bruto) - 0,175 (alíquota do IR). Resultado: 0,825. Assim, o retorno após impostos é de 82,5% ao ano. Para chegar à rentabilidade líquida, basta multiplicar o resultado bruto pelo retorno após tributos. - Resultado líquido: 0,1446 x 0,825 = 0,1193 ao ano.
- Portanto, esse CDB terá um retorno de 11,93% ao ano.
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