Com a nova Selic, a renda fixa sai como queridinha dos investidores. Aplicações atreladas ao CDI podem render mais, e investir em pré-fixados para garantir uma boa taxa também pode ser uma boa. Para saber quais as melhores opções, analisamos quanto devem render cada uma das aplicações e conversamos com os analistas e o professor de matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Régis Varão. É importante lembrar que as porcentagens de ganhos são estimativas e podem variar conforme o tempo em que o dinheiro fica investido e também de acordo índices econômicos, como a inflação. Renda fixa sai na frenteOs ativos de renda fixa pós fixados são as alternativas mais vantajosas para quem quer investir no curto e médio prazo. É o que diz Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia fundadora da AVG Capital. Nessas aplicações, o rendimento do investimento pode estar atrelado a um indicador econômico, como a Selic, o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) ou a inflação (IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O CDI geralmente é quase igual à Selic (geralmente 14,65% para os 14,75% anuais). Há cobrança de Imposto de Renda sobre os ganhos, lembra Gustavo Moreira, planejador financeiro e especialista em investimentos. O desconto começa em 22,5% e vai até 15%, se o investidor deixar o dinheiro por dois anos ou mais aplicado. Há também investimentos em que você precisa deixar o dinheiro até o vencimento para obter o rendimento contratado. Quais são os pós fixados?Os fundos DI são um deles. Pagam geralmente uma porcentagem do CDI. Se a aplicação pagar 100% do CDI, o rendimento mensal bruto seria de 1,14%. O anual bruto seria de 14,65%. Mas é preciso lembrar que há a cobrança de IR. O que faz a taxa líquida anual ser de 11,72%. Já o Tesouro IPCA+ tem a rentabilidade atrelada à inflação, medida pelo IPCA, mais uma taxa de juros prefixada. Como o IPCA de abril será divulgado apenas nesta sexta-feira (9), o matemático usou o dado do IPCA 15, que mede a inflação dos últimos 12 meses até a primeira quinzena de abril. Na ponta do lápis, os rendimentos aproximados seriam de 1,02% ao mês ou 13,04% ao ano. Com o desconto do IR, a taxa real anual seria de 10,44%. O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é um investimento em que o investidor empresta dinheiro ao banco e recebe juros em troca. Normalmente está atrelado ao CDI, que também sobe com a Selic alta. A maioria das aplicações paga 98% do CDI. Então, o rendimento seria o equivalente a 1,12% ao mês ou 14,35% anuais. Com o desconto de IR, a taxa líquida é de 11,48% ao ano. Os prefixados oferecem vantagemNessas aplicações, mesmo que os juros entrem num ciclo de pausa ou queda nos próximos meses, o investidor garante a taxa atual enquanto durar o contrato do investimento. E essa taxa, segundo especialistas do mercado, está no pico: com a nova Selic, ela deve ser de 13,56% ao ano, segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. O Tesouro Prefixado rende a uma taxa de juros fixa. Mensalmente, o Tesouro Prefixado teria um rendimento de aproximadamente 1,06%. Entretanto, também tem o IR, o que faz o rendimento anual líquido ser de 10,84%. O Tesouro Direto é um investimento em que o investidor empresta dinheiro para o governo. Há três tipos, conforme o vencimento do título: 2028, 2032 e 2035. Por isso, não é bom destinar recursos que podem ser necessários no curto prazo. O melhor é usar o dinheiro que vai ser guardado a longo prazo. No caso do Tesouro Selic, ele segue a taxa básica de juros mais um porcentual pequeno. Na modalidade, ao mês, o rendimento é de 1,16%. Em um ano, o retorno seria de 14,86%. Mas após a mordida do Leão, em um ano, o ganho seria de 11,88%. Há investimentos que não descontam IR?Sim. Há isenção de Imposto de Renda em produtos como LCI e LCA. A Letra de Crédito Imobiliário e Letra de Crédito do Agronegócio são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos para financiar, respectivamente, projetos imobiliários e atividades do agronegócio. LCAs e LCI geralmente rendem até 95% do CDI. Com a atual Selic, isso representaria uma taxa mensal de 1,09% e anual de 13,91%. A poupança também não paga IR. Mesmo com a alta da Selic, ela continua rendendo 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial). No ano, isso rende 6,16%. "Com a inflação rodando bem acima disso, o dinheiro aplicado ali perde valor com o tempo", diz Gustavo Moreira, planejador financeiro e especialista em investimentos. E a Bolsa?A Selic tende a ter um impacto inicialmente negativo sobre a Bolsa. "Se a alta for interpretada como um movimento necessário diante de desequilíbrios fiscais e desconfiança com a política econômica, pode haver mais aversão ao risco e migração para ativos considerados mais seguros", diz Moreira. Entretanto, setores exportadores (como agronegócio e mineração) podem ser favorecidos por um câmbio mais depreciado, o que impulsiona receitas em reais. Mas se o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizar que nos próximos meses a taxa deve se estabilizar ou cair, as ações tendem a subir. "Isso aconteceria especialmente em setores sensíveis a juros, como varejo e construção civil", diz o planejador financeiro. |