Sexta-feira, 14/02/2025 | | | |  | Donald Trump, presidente dos EUA, durante final do Super Bowl | Bob Kupbens/Icon Sportswire via Getty Images |
| Trump menciona o etanol brasileiro em possível taxação a parceiros | | | O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cogitou incluir o etanol brasileiro no chamado "tarifaço", em que ele pretende aplicar tarifas recíprocas a parceiros comerciais que cobram taxas de importação de produtos americanos. A decisão é reflexo de uma discussão que já leva meses nos Estados Unidos. A Growth Energy (associação comercial de biocombustíveis) e o Conselho de Grãos dos EUA disseram no ano passado que estavam pressionando por uma entrada restritiva do etanol brasileiro no país norte-americano. De acordo com o relatório do Escritório dos Representantes de Comércio dos EUA, as vendas de etanol para o Brasil foram praticamente isentas de impostos entre 2011 e 2017. Neste ano, os EUA representaram 71,6% da exportação de etanol do Brasil, o ápice das vendas para o país norte-americano. No entanto, entre 2017 e janeiro de 2022, o Brasil impôs uma cota tarifária e, posteriormente, uma tarifa externa comum do Mercosul de 20% sobre as importações de etanol. A tarifa foi suspensa em março de 2022, mas reimposta no ano passado. Atualmente, a tarifa do Brasil para os EUA é de 18%. Há ainda o contexto de que Trump não é a favor da agenda ambiental, o que reforça a postura de desencorajar o comércio de biocombustíveis. Ainda assim, como medida protecionista, defenderia os produtores de milho, à medida que os EUA são o maior produtor de etanol de milho do mundo. Nesta quinta-feira (13), a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) e a Bioenergia Brasil, principais entidades representativas do setor no país, lamentaram que o etanol tenha sido incluído no Memorando de Tarifas Recíprocas. Em nota, a Unica diz que "não faz sentido falar em reciprocidade", pois os atributos ambientais e o potencial de descarbonização são difrerentes entre o etanol produzido no Brasil e nos EUA. "Esperamos que os estados americanos e a indústria local, comprometidos com o combate à mudança do clima, trabalhem para impedir esse retrocesso proposto pelo governo", afirma a entidade. |
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| Publicidade |  | | | Brasil planta algodão em 2 milhões de hectares | Dados inéditos da Serasa Experian mostram que o plantio de algodão registrou alta de 21,9% na comparação entre as safras de 2023/24 com 2022/23. Ou seja, de um recorte para o outro, houve aumento de aproximadamente 363 mil hectares (ha), indo de 1.657.268 ha para 2.020.380 ha no total. O mapeamento feito por sensoriamento remoto foi capaz de confirmar mais de 2 milhões de hectares de área plantada no Brasil, com destaque para Mato Grosso, responsável por 73,5% do plantio. Em seguida, Bahia (17,5%) e Minas Gerais (1,7%). | |
| Abiove projeta esmagamento de 57,5 milhões de toneladas de soja | A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) divulgou nova projeção para o balanço de oferta e demanda do complexo da soja em 2025. A produção se manteve em 171,7 milhões de toneladas, enquanto o esmagamento deverá atingir 57,5 milhões de toneladas. A produção de farelo e óleo de soja devem alcançar, respectivamente, 44,1 milhões de toneladas e 11,4 milhões de toneladas. As exportações devem manter os novos patamares históricos previstos, cuja expectativa é de 106,1 milhões de toneladas de grãos exportados. | |
| | PLANO SAFRA | Juros altos devem comprometer crédito rural, diz analista | | Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência de Mercado, está entre os consultores mais influentes do agronegócio. Com números de safra na ponta da língua e entrada em diversos segmentos do agro, a leitura dele é de que a produção de soja brasileira será de 165,4 milhões de toneladas na safra 2024/25, acima dos 147,7 milhões colhidos no ano passado. Ao considerar todos os grãos, a estimativa de Cogo é de uma safra de 333 milhões de toneladas, maior em 11 milhões de toneladas do que projeta a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Quando olha para a safra 2025/26, o desafio, segundo ele, será o crédito rural, à medida que as taxas de juros acompanham a escala da inflação. Ao UOL, ele projeta dificuldades de juros equalizados do governo federal à agricultura empresarial, apesar de os subsídios tenderem a se manter para a agricultura familiar. UOL - Estamos em um momento de inflação do preço de alimentos e o próprio governo vem falando de um novo Plano Safra para redução no preço dos alimentos. Qual sua expectativa para o Plano Safra 2025/26? Carlos Cogo - Infelizmente, a gente vai ter a palavra juros como tônica. O juro longo hoje, assimilado na casa de 16% ao ano, é incompatível com a realidade brasileira. É o juro real mais alto do mundo e, para a agricultura, essa vai ser a maior barreira que vamos enfrentar esse ano. Vai impactar o Plano Safra, todo ele. UOL - Mas temos visto taxas diferentes para a agricultura empresarial e familiar. Isso deve se manter? Cogo - Pode ser que o governo queira preservar a agricultura familiar, até acho que isso vai acontecer, tentar a todo custo manter a taxa bem abaixo do mercado, subsidiado nos níveis atuais. No entanto, para isso, ele vai tirar de algum lugar e vai ser da agricultura empresarial. Ele vai tirar de custeio, investimento, então vamos ver um impacto negativo no investimento em bens de capital, pivô, maquinário, vai ser um impacto enorme. O Banco Central deve fazer novos aumentos da taxa de juros, e isso vai coincidir com a decisão do Plano Safra. UOL - Você tem alguma interlocução com o Ministério da Agricultura a respeito das possíveis taxas praticadas? Cogo - O que estou ouvindo é que vai se tentar construir instrumentos voltados para alimentos, mas isso é bastante limitado. A inflação está com grande fator embutido de taxa de câmbio, e isso vai para o porto, chega ao preço para o produtor, e vai sendo transferido. Também vamos ter uma encrenca enorme em crédito rural. Terá cortes e menos dinheiro público a juro controlado para agricultura empresarial, então o setor privado entra mais pesado, como as cooperativas de crédito e bancos privados, só que com uma taxa de juros mais alta, acompanhando a Selic. |
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