Sexta-feira, 13/06/2025 | | | |  | O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid durante interrogatório no STF | Diego Herculano - 9.jun.2025/Reuters |
| A entidade 'agro' na fala de Mauro Cid | | | Nesta semana, Mauro Cid, o réu colaborador e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, voltou a afirmar que "o pessoal do agronegócio" deveria estar envolvido no financiamento de cerca de R$ 100 mil para custear as manifestações golpistas de 2023. A declaração de Mauro Cid ocorreu após o ministro relator Alexandre de Moraes ter questionado a origem do dinheiro. Cid afirmou não saber nomes exatos, mas que "na época, disseram que era do pessoal do agronegócio". O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou hoje a prisão preventiva do tenente-coronel Mauro Cid, mas revogou a ordem logo em seguida. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de um mandado de busca e depõe à PF. Na fala de Cid, o "agro" vira uma coisa só, inferiorizando toda a complexidade da cadeia produtiva, dando a impressão à população de que o setor inteiro esteve ligado ao financiamento do suposto plano Punhal Verde e Amarelo. Afinal, quem é o agronegócio ao qual Mauro Cid se refere? Sabemos como é difícil apontar as figuras. Enquanto ninguém ousa dar nome aos bois, vale questionar: o quão nocivo, para o próprio agro, é estar colocado neste balaio, que é o escândalo de um plano contra a democracia? Para um setor que se vê constantemente em crise de reputação, a fala de Mauro Cid é a pá de cal para estigmatizar um setor complexo, composto por tantos segmentos e ainda desconhecido por grande parte da população. |
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| Publicidade |  | | | Exportações caíram em maio | O Ministério da Agricultura informou que o faturamento com as exportações somou US$ 14,9 bilhões em maio, queda de 1,4% em comparação com o mesmo mês de 2024. Apesar do volume embarcado ter sido 4,2% menor, na mesma base de comparação, as quedas foram relativamente compensadas devido à elevação de 2,9% nos preços médios dos produtos exportados. Para o complexo soja, as exportações do Brasil chegaram a US$ 6,53 bilhões em maio, isto é, redução de 2,6%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. Entre janeiro e maio de 2025, as exportações alcançaram US$ 67,5 bilhões, alta de 0,6%. | |
| Vai e vem de recursos em 2024/25 | Um despacho publicado ontem, reduz os limites de nove instituições financeiras voltadas ao financiamento da agricultura empresarial e outras nove que operam o Pronaf, voltado para a agricultura familiar. Com isso, a Secretaria do Tesouro Nacional remanejou valores que ainda estavam disponíveis para a safra 2024/25 para outras áreas. Foram reduzidos cerca de R$ 1,5 bilhão do saldo existente até então para operações com subvenção federal. Este valor, segundo o governo, será utilizado para viabilizar a renegociação de dívidas rurais e novas linhas de capital de giro para cooperativas gaúchas. | |
| | Duelo de frigoríficos gigantes | A companhia Minerva apontou riscos concorrenciais a partir da fusão entre Marfrig e BRF e questionou a operação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A manifestação foi protocolada no Cade na quarta-feira e aceita no dia seguinte por Alexandre Cordeiro Macedo, presidente do órgão. Na semana passada, a área técnica do Cade havia sugerido aprovar a fusão entre Marfrig e BRF sem restrições. A Minerva contestou a operação dentro do prazo, e o Cade avaliará a negociação mais a fundo. | |
| Projeções do USDA | O mais recente relatório de oferta e demanda mundial de soja do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a estimativa para a safra global do grão em 2025/26 em 426,82 milhões de toneladas. Em relação à previsão para a colheita americana em 2025/26, o USDA manteve em 118,12 milhões de toneladas. Sobre o Brasil, a expectativa é de uma colheita de 169 milhões de toneladas. Para o milho, o USDA elevou a projeção de produção global em 2025/26 para 1,27 bilhão de toneladas. | |
| |  | Diego Vara/Reuters |
| Economia | Safra recorde, cautela à vista | | | O Brasil caminha para registrar uma safra recorde de grãos em 2025, conforme apontam duas importantes instituições: a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora os números apresentados por cada órgão sejam distintos, ambos indicam um cenário otimista para o agronegócio brasileiro, com expectativas de crescimento expressivo em comparação com o ano anterior. Segundo a Conab, a produção brasileira de grãos na safra 2024/25 deve atingir 336,1 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 13% em relação à safra anterior. Já o IBGE, por meio do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de maio, projeta uma colheita de 332,6 milhões de toneladas, uma alta de 13,6% na comparação anual. A diferença entre os dados reforça o uso de metodologias distintas, ainda que ambas sinalizem um avanço robusto. Entre os principais destaques estão a soja e o milho, com cifras históricas. A Conab estima 169,6 milhões de toneladas de soja, enquanto o IBGE aponta 165,2 milhões. No caso do milho, o IBGE projeta 130,8 milhões de toneladas, e a Conab, 128,3 milhões. Os números mostram que a produtividade entre primeira e segunda safras deve contribuir para os produtores rurais cumprirem com os compromissos financeiros. Muito do volume colhido já está vendido, outro tanto será trocado na modalidade de barter - mecanismo de troca em que os insumos são vendidos antes e o pagamento é feito posteriormente em sacas. Há ainda quem deixa uma parcela da safra para ser negociada de acordo com a demanda e as cotações. Independente da gestão de comercialização, é esperado que o produtor aja com cautela, mesmo vendendo mais grãos por hectare. Isso porque o histórico recente das recuperações judiciais e os altos juros apontam para uma safra 2025/26 com condições de taxas elevadas para custeio e financiamento. Além disso, o cenário geopolítico traz instabilidade nas relações comerciais e volatilidade no preço das commodities. Por isso, mesmo a safra 2024/25 apresentando resultados favoráveis na colheita, isso não significa que o produtor rural está tranquilo quanto à rentabilidade. O mês de junho encerra o atual Plano Safra, quando, em julho, os novos recursos para a temporada 2025/26 começam a valer. A esta altura do ano, a calculadora trabalha a todo segundo fazendo as contas da safra anterior, da vigente e da futura. |
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