Sexta-feira, 01/11/2024 | | | | | Plantação de trigo na Hungria após tempestade | Tom Hauk/Unsplash |
| COP16: ONU busca estimular a biodiversidade para aumentar segurança alimentar no mundo | | | De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), apenas nove espécies de plantas respondem por 66% da produção agrícola global, embora ao longo da história tenha havido mais de 6.000 espécies. A busca pela retomada da diversidade de alimentos e, por sequência, a ampliação da segurança alimentar, foi o principal tema da COP da Biodiversidade, realizada pela ONU até esta sexta-feira (1º) na Colômbia. Os sistemas agroalimentares são essenciais para enfrentar os grandes desafios relacionados ao clima, biodiversidade e manejo da terra. Kaveh Zahedi, diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO Segundo ele, para ajudar nessa luta, boas ideias são reduzir a monocultura e ampliar soluções como a agroecologia e os sistemas de produção integrados do tipo lavoura-pecuária-floresta. Durante a COP16, a FAO lançou uma iniciativa para apoiar países a identificar, integrar e implementar soluções agroalimentares amigáveis à biodiversidade. Por exemplo, a mudança no uso da terra para práticas agrícolas mais sustentáveis, reduzir as taxas de desmatamento com melhores práticas pecuárias, uso mais inteligente da água e agricultura de precisão. Agustín Zimmermann, representante da FAO na Colômbia |
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| Publicidade | | | 'PL do Carbono tem que sair logo', pede diretora da Suzano | Em jantar promovido pela Suzano em Cali, na Colômbia, Marina Negrisoli, diretora de sustentabilidade da empresa, disse que o projeto de lei sobre a biodiversidade (PL 182/2024) 'tem que sair logo', pois trará benefícios ao setor de árvores plantadas. O mecanismo permite a compensação da geração de poluição por meio da compra de certificados atrelados a iniciativas de preservação ambiental. 'O PL do Carbono não resolve todo o problema de emissões de carbono no Brasil, mas ajuda'. De acordo com a Agência Senado, senadores e deputados negociam aprovar em novembro a regulamentação. | |
| Código floresta x moratória da soja | Mauro Mendes, governador do Mato Grosso, sancionou a lei que restringe a concessão de benefícios fiscais a empresas que aderirem à Moratória da Soja no estado. Este é um acordo em que empresas se comprometem a não comprar soja produzida em áreas desmatadas no bioma Amazônia após julho de 2008. Na contramão do que pede a agenda a favor da proteção da biodiversidade, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, endossou a decisão de Mendes: 'O projeto foi mais legal que a lei, e isso gera uma insatisfação legítima dos produtores, que têm o seu direito de usar o Código Florestal a seu favor'. | |
| | ENTREVISTA | A recuperação e conversão das áreas degradadas no Brasil | | Dois planos do governo federal se debruçam sobre o uso da terra no Brasil. O primeiro deles, criado em 2015, é o PlanaVeg (Plano de Recuperação de Vegetação Nativa), cuja versão atualizada foi apresentada pelo Ministério do Meio Ambiente na COP16, com o objetivo de recuperar 12 milhões de hectares até 2030. O segundo é o Plano de Conversão de Pastagens Degradadas, instituído no final de 2023, que pretende converter 40 milhões de pastos degradados até 2033. Fabíola Zerbini, diretora do Departamento de Florestas do MMA (Ministério do Meio Ambiente), acompanha o andamento dos dois planos e conversa com o UOL Agro sobre as intersecções nas agendas. UOL Agro: Os dois planos se referem ao uso da terra no Brasil. Qual é a diferença entre eles? Fabíola Zerbini: O Planaveg é um plano a partir de um decreto e é praticado desde 2017. Já o plano específico sobre pastagens degradadas ainda não existe. Existe o decreto, mas o 'como, onde, que modelo, com que atores, com que instrumentos, prioridades', isso foi postergado. O Mapa [Ministério da Agricultura] é a secretaria executiva deste processo, e a estimativa é que ele apresente esse plano até o final do ano. Essa política específica para pastagens quer atrair recurso, mira a busca de mais investimento. Mas, de fato, recuperação de solo para fins de biodiversidade, hídrico, combate à desertificação, já está acontecendo via Planaveg, mas precisa avançar. UOL Agro: E qual é a convergência? Zerbini: Quando ajudamos o Mapa a construir o decreto [do Plano de Pastagens Degradadas], inserimos vários critérios ambientais para diferenciar o que é pastagem degradada de vegetação secundária ou pousio. Também foi importante estipular os modelos, então pode ser grão intensificado, gado intensificado, floresta plantada exótica intensificada, agrofloresta ou ILPF. O ponto em comum entre as políticas está em agrofloresta ou sistemas integrados, desde que respeitadas as condições. UOL Agro: O plano de pastagens fala na conversão de 40 milhões de hectares e o de vegetação nativa quer recuperar 12 milhões de hectares. Esses números devem se encontrar, então? Zerbini: Basicamente, a área degradada, de acordo com o Código Florestal, é a recuperação de áreas alteradas ou degradadas. Os Planos de Regularização Ambiental, o pouco que avançou, é desenhado em cima do conceito de degradação da propriedade rural. Para a conexão das áreas acontecer, o plano de pastagens precisa se consolidar para conseguirmos fazer um cruzamento de mapas. Os propósitos dos dois são complementares. O Brasil precisaria tomar decisões sobre, em que medida, os 40 milhões e os 12 milhões têm em comum para os impactos finalísticos que a gente quer criar. E isso ainda não aconteceu. |
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