Sexta-feira, 16/05/2025 | | | |  | Egor Myznik/Unsplash |
| CRISE | China e UE suspendem compra de frango brasileiro após gripe aviária | | Alexandre Novais Garcia, Hygino Vasconcellos e Adriana Machado |
| O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou hoje que a China e a União Europeia suspenderam a compra de frango brasileiro após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja no Rio Grande do Sul. A suspensão foi motivada pela detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais. A confirmação ocorreu no município de Montenegro (RS), na região metropolitana de Porto Alegre. Enquanto a China e a União Europeia suspenderam a compra de frango de todas as regiões brasileiras, outros países restringiram a importação de aves apenas da região Sul do Brasil. "Revisamos diversos protocolos sanitários, por exemplo, com o Reino Unido, o Japão, a Argentina, os Emirados Árabes, a Arábia Saudita, onde a restrição comercial se dará somente na região do foco. Já a China e a Comunidade Europeia restringem todo o Brasil temporariamente", disse Fávaro. O ministro explicou que o governo pretende continuar negociando com a União Europeia para restringir a suspensão de compras de frango ao Rio Grande do Sul. Procedimentos de emergência A granja foco do caso de gripe aviária reunia mais de 17 mil aves em dois galpões, de acordo com o jornal gaúcho Zero Hora. A maior parte das galinhas morreu, e as que sobreviveram foram sacrificadas, segundo disse o superintendente de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, José Cleber Dias de Souza, em entrevista coletiva à imprensa na manhã de hoje. Fávaro afirmou que, após a confirmação do caso de gripe aviária, foi determinado estado de emergência por 60 dias e bloqueio de uma área em um raio de 10 quilômetros do ponto de identificação da doença. José Eduardo dos Santos, presidente executivo da Asgav/Sipargs (Organização Avícola do Rio Grande do Sul), disse em entrevista coletiva que todas as propriedades existentes na cidade gaúcha de Montenegro estão sendo averiguadas. Os ovos que deixaram a granja recentemente estão sendo rastreados para destruição. "Estamos com todas as barreiras sanitárias em curso. A granja já teve seus animais abatidos. Toda a região está em alerta, para que a gente possa, o mais rápido possível, com muita transparência e eficiência, voltar ao estado normal e reestabelecer a comercialização [de frango] com todos os países do mundo", disse Carlos Fávero. Segundo as autoridades sanitárias, essa gripe aviária não oferece risco para os humanos: o consumo de produtos avícolas, como carnes e ovos, pode ser feito normalmente. Também não há estudos que comprovem que os trabalhadores do aviário que tiveram contato com as aves contaminadas possam transmitir para outros colegas ou pessoas da família. HistóricoO caso de gripe aviária registrado agora é o primeiro na avicultura comercial no Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, a circulação do vírus ocorre desde 2006, principalmente na Ásia, na África e no norte da Europa. Para Fávaro, era inevitável que a doença se manifestasse no país. "Esse vírus da gripe aviária circula pelo mundo há, pelo menos, 19 anos, e o Brasil é um dos pouquíssimo países que mundo que não tinha, até agora, a gripe aviária nos seus planteis comerciais." Desde 2023, segundo a plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura, foram confirmados outros 166 focos da doença no país, sendo 163 em aves silvestres e três em produção de subsistência (caseira). Há outros três focos sendo investigados. *Com informações da Agência Estado |
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| Publicidade |  | | Milho: alta produtividade deve refletir em redução de preços internos | | A produção de milho no Brasil vem crescendo a ponto de o setor estimar que o cereal deverá ter maior proporção do que a soja na safra agrícola do país nos próximos anos. Embora a proteína da soja seja mais valorizada em termos energéticos, o milho tem ganhado espaço pela possibilidade de ampliação de produtividade na mesma área plantada, além da ampla diversidade de finalidades que o cereal tem: atende às indústrias alimentícia e de rações e é usado para a produção de etanol e DDG (subproduto derivado do etanol de milho destinado à alimentação animal). Nesta quinta-feira (15), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou a estimativa da safra de milho para o mês de abril. Devem ter sido produzidas 128,2 milhões de toneladas no mês passado, um crescimento de 0,7% em relação a março e de 11,8% em relação a abril de 2024. Esse aumento esperado preocupa do ponto de vista de preço, pois, quanto maior a produção, mais tende a cair a cotação no mercado global. Para o economista e diretor do setor de agronegócios da corretora XP Investimentos, Leonardo Alencar, o preço do milho no mercado interno vai continuar em queda e isso deve favorecer a recomposição de estoques. Também haverá reflexos negativos para os projetos de usinas de etanol de milho. "Concluímos que alguns projetos de etanol de milho que estão no papel não devam sair", afirmou Alencar durante apresentação no 3º Congresso da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo), realizado nesta semana em Brasília. |
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| | Marfrig e BRF anunciam mega fusão | A Marfrig e a BRF anunciaram nessa quinta-feira (15) a fusão dos negócios para a criação da MBRF Global Foods Company. Algumas marcas do portfólio da nova empresa são Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi. Nos últimos 12 meses, as forças somadas das duas resultaram em uma receita líquida de R$ 152 bilhões. A aposta de crescimento da nova empresa está fora do país: Estados Unidos, Oriente Médio e China, seguindo o crescimento de consumo destes dois últimos mercados em carne bovina, suína e de aves. Do faturamento total da MBRF, 43% será referente ao mercado norte-americano. | |
| Regulação dos estoques de arroz pela Conab | O presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, disse que há expectativa de que os estoques de arroz do Brasil sejam restabelecidos até o fim de maio, devido ao crescimento da produção. Na safra 2023/2024, foram produzidas 10,5 milhões de toneladas de arroz; na safra 2024/2025, esse volume saltou para 12,1 milhões de toneladas. Com os preços do arroz e do feijão oscilando no país, o governo federal discute a atualização das diretrizes de aquisição de grãos como forma de reestruturar os estoques reguladores e, assim, atuar preventivamente na contenção da inflação. | |
| | 'Nobel do agro' vai para pesquisadora da Embrapa | A cientista brasileira Mariangela Hungria receberá o Prêmio Mundial de Alimentação - World Food Prize (WFP). Pesquisadora da Embrapa Soja, ela será homenageada em outubro, nos Estados Unidos, devido à contribuição para o desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura. A premiação é conhecida como o "Nobel da Agricultura", e Mariangela é a primeira mulher a ser reconhecida com a láurea. Em 2011, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi escolhido para receber o prêmio por causa da erradicação da fome no Brasil. | |
| Frigoríficos auditados na Amazônia Legal | Frigoríficos que assinaram com o Ministério Público Federal o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) da Carne Legal e contrataram auditorias independentes apresentam apenas 4% de irregularidades em suas operações na Amazônia; os que não contrataram registram 52%. A conclusão faz parte de estudo sobre a cadeia pecuária da Amazônia Legal divulgado pelo MPF. Foram avaliadas 89 unidades de frigoríficos em seis estados amazônicos quanto ao cumprimento de critérios socioambientais nas compras de gado realizadas em 2022. | |
| | ENTREVISTA | O impacto das mudanças climáticas para a genética de hortaliças | | A companhia holandesa Enza Zaden é uma das maiores empresas do mundo em melhoramento genético de hortaliças. Jean François Hardouin, gerente regional da empresa para a operação da América do Sul e do Caribe, diz que a empresa tem investido cerca de 30% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento, incluindo a adaptação para clima tropical. No Brasil, a Enza Zaden tem forte atuação com híbridos de cebolas, pimentões e tomates, além de investir constantemente em cenoura, melão, melancia, abóboras e abobrinhas. O executivo conversou nesta semana com o UOL e explicou a relação direta que existe entre melhoramento genético, as mudanças climáticas e a inflação de alimentos. UOL - Diante da inflação dos alimentos e menor poder de compra pela população, existe alguma consequência para o setor de genética? Jean François Hardouin - Todo o desenvolvimento que a gente faz é pensando em um híbrido que vai entregar mais cedo, em área menor e maior quantidade, essa é a condição ideal para eficiência em volume. Consequentemente, você vai ter um mercado mais abastecido e um preço mais favorável ao consumidor. Essa questão de oferta e demanda, tudo vai começar na eficiência da produção. A gente fez isso com cebola, que geralmente não se plantava entre dezembro e janeiro, por questão de doença e umidade. Nós desenvolvemos híbridos que se planta nesses meses e o mercado mais abastecido, diminui os picos de preço, sem depender de importações. UOL - O desenvolvimento dos híbridos pode levar cerca de 10 anos. Como é pensar a condução da genética a longo prazo, com um clima que muda constantemente? Hardouin - Temos linhas de trabalho para híbridos, para que a gente consiga produzir com necessidade hídrica menor e reduzir o consumo de produtos químicos, defensivos. UOL - Dentro desta questão de clima e sustentabilidade, os híbridos desenvolvidos miram o maior uso de produtos biológicos e menos dependência dos químicos? Hardouin - Sem dúvida. Esse trabalho que é feito para conferir tolerância e resistência as questões de clima têm uma curva proporcional a manter o equilibro no manejo, e isso significa trabalhar com biológicos, trabalhar com condições mais naturais sem a interferência externa de químicos. Por exemplo, no caso de uma planta de tomate suscetível a bactérias, que atacam em condições de umidade, trabalhamos para obter híbridos que sejam mais resistentes a bactérias e o produtor não precise usar o fungicida químico. O produtor usa os recursos biológicos, porque confere um desenvolvimento melhor à planta e isso vai promover a melhor expressão do híbrido e do tomate. |
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