Sexta-feira, 24/01/2025 | | | |  | Trator na Agrishow, uma das maiores feiras de agronegócios do país | MICHEL MARTORE/PHOTOPRESS/Folhapress |
| Vendas de máquinas agrícolas caem, e entidade do setor fala em 'invasão' da China | | | Em 2024, as vendas de máquinas agrícolas no país foram prejudicadas pela redução da safra de grãos, pela queda do preço das commodities e pela falta de atratividade das linhas de financiamento. A avaliação é de Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). De acordo com a entidade, foram 48,9 mil unidades de máquinas agrícolas vendidas no ano passado, o que representa queda de 19,8% em relação a 2023. Dentro dessa redução, chamou a atenção a performance de venda das colheitadeiras (-54%), cujo ticket médio é mais alto em relação a tratores de roda. Mais de 55% das máquinas autopropulsadas são oriundas da China, cuja participação nas Américas dobrou em 2024. Houve aumento na importação do segmento agrícola de 7,7% para 12,7% no intervalo de um ano. A importação de máquinas, considerando todos os mercados, passou de 9 mil unidades em 2020 para 26,4 mil em 2024. A exportação, no mesmo intervalo, passou de 12,8 mil para 20,6 mil unidades. Além do argumento da retração da safra de grãos em 2023/24 — 23 milhões de toneladas a menos em comparação à temporada anterior, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) —, Leite chama atenção para a "invasão de máquinas importadas nas compras públicas". O presidente da Anfavea diz ser contraditório o país ter R$ 1 trilhão anunciado para o PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento) e ao mesmo tempo sofrer "ataque" chinês. Junto ao PAC, ele defende a necessidade de políticas públicas bem equacionadas. "Linhas de financiamento são um driver absoluto para o mercado de máquinas. Não adianta ter um mercado forte, com crescimento do agronegócio, se a taxa de juros não for atrativa. Sem isso, não conseguimos comercializar máquinas em volumes representativos", afirma. Márcio de Lima Leite lembra que, em 2012/2013, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil máquinas vendidas, quando a taxa de financiamento interna se mostrava competitiva em relação a outros países fabricantes. "Não é comparando [a taxa de financiamento] com a Selic, mas com as condições que os consumidores encontram em outros mercados", comenta. Para 2025, portanto, a agenda prioritária da Anfavea é dialogar com o governo federal sobre condições atrativas de financiamento do Plano Sandra e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para máquinas agrícolas, incluindo novas fontes de crédito. Diante do cenário atual, a projeção de vendas no atacado para máquinas agrícolas é igual ao resultado do ano passado. Quanto às exportações, a Anfavea espera crescimento de 1%. |
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| Publicidade |  | | | | COP30, transição energética e Trump | Em 2023, na COP28, em Dubai, os países decidiram reduzir gradualmente o uso dos combustíveis fósseis, mas a vitória de Trump pode retroceder a discussão. Por outro lado, a agenda de energias renováveis nos Estados Unidos não deve se dar por encerrada, sobretudo no caso do etanol de milho. O país quer ter preferência para vender o grão para a produção de combustível de aviação sustentável. Ao Brasil, também interessa atuar neste setor do etanol de milho, e a COP30 poderá ser um momento propício para amadurecer este assunto perante a comunidade internacional. | |
| Suspensão de soja pela China | A China, maior importadora mundial de soja, suspendeu a compra do grão de algumas empresas do Brasil após preocupações sobre o não cumprimento dos requisitos fitossanitários. De acordo com a Reuters, a suspensão afeta os embarques das empresas Terra Roxa Comércio de Cereais, Olam Brasil, C.Vale Cooperativa Agroindustrial, Cargill Agrícola S A e ADM do Brasil devido à contaminação química e de pragas. As suspensões são válidas apenas para cinco unidades, uma de cada empresa. O Ministério da Agricultura afirma que a suspensão não afetará o volume total negociado.
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| |  | Qual a melhor fruta para comer após o almoço? Nutricionista responde | Envato Elements |
| Inflação de alimentos | Frutas ficam 12% mais caras, reflexo de prejuízos com o clima | | | Com alta de 7,69%, o grupo alimentação e bebidas foi o que mais pesou no IPCA de 4,71% em 2024, segundo o IBGE. Dentro desta categoria, as frutas tiveram alta de 12,1% — e chamou a atenção a laranja lima, que ficou quase 97% mais cara no período. A diretora da IFPA (Associação Internacional de Produtos Frescos) no Brasil, Valeska Ciré, conversou com o UOL sobre esse cenário. UOL - No grupo alimentação e bebidas, as frutas tiveram alta de 12,1%. Como explicar esse aumento? Valeska Ciré - Esse fenômeno foi influenciado principalmente por questões climáticas, resultando em perdas significativas na produção. Ainda assim, produtores têm buscado equilibrar a oferta, os preços e suas próprias necessidades de sobrevivência no mercado. UOL - Muito se fala dos altos preços das laranjas, devido ao clima e à doença chamada greening. Isso deve se manter? Cirré - As condições climáticas adversas foram determinantes para a perda de produção da laranja. A elevação de preços tornou-se necessária para compensar os prejuízos, equilibrar oferta e demanda e evitar a falência de muitos produtores. Mesmo diante dos custos elevados, parte dos produtores se esforçou para não repassar integralmente os aumentos ao consumidor, reconhecendo a importância de manter alimentos saudáveis acessíveis. Além disso, há investimentos em novas áreas de plantio para garantir o abastecimento futuro de produtos como laranja e suco de laranja, embora isso exija tempo e recursos. UOL - A inflação dos alimentos foi maior nos domicílios do que fora deles, o que também influencia o consumo de frutas e legumes. A IFPA faz algo a respeito? Cirré - A busca por boas práticas globais de marketing em eventos e feiras do setor pode ajudar a promover o consumo e a divulgação de frutas, legumes e verduras, beneficiando toda a cadeia produtiva. Em paralelo, certamente vemos que é essencial fortalecer a cooperação entre produtores, governo e entidades setoriais para minimizar impactos futuros de preço e consumo. |
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