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SABMiller abre as portas da África para sua compradora InBev

19/10/2015 17h38

Joanesburgo, 19 Out 2015 (AFP) - A maior festa africana da cerveja começou com uma maratona de 14 dias na África do Sul, onde 35 mil pessoas saciam sua sede com quatro marcas, todas elas fabricadas pela SABMiller, recentemente adquirida pela brasileira InBev.

Essa presença no continente africano da cervejaria britânica constitui um de seus grandes trunfos e um dos argumentos que impulsionou a AB InBev a comprar a SABMiller por 100 bilhões de euros (US$ 112 bilhões), uma das maiores aquisições na história das empresas.

"Queremos introduzir a cultura da cerveja em todas as camadas da sociedade, e cada vez mais gente vem à nossa festa todo ano", disse à agência de notícias AFP Jon Monsoon, um dos organizadores do evento.

A África é o mercado mais dinâmico do mundo para as cervejeiras, com projeção de crescimento de 5% ao ano entre 2013 e 2017, segundo a Canadean, instituto de pesquisa londrino especializado na indústria da bebida.

Ao mesmo tempo, o consumo de cerveja nesse mesmo período crescerá 4% na Ásia, e 3% na América Latina.

"Nesses últimos anos na África, a inflação caiu, a dívida externa foi reduzida, e o PIB cresceu", afirma Kevin Baker, dirigente da Canadean.

"O crescimento demográfico, antes considerado um fator de empobrecimento, é agora percebido como uma vantagem. A população em idade ativa vai superar a da China, ou da Índia", acrescenta.

Benefícios na África

A SABMiller, que ganha um terço de seus lucros na África, está em 15 dos 51 países do continente. Em outros 22, tem uma associação com a francesa Castel, muito presente na África francófona. Os países mais promissores são Nigéria, a maior economia do continente, Quênia, Gana, Moçambique e Uganda.

"Claramente, o maior trunfo da SABMiller é sua posição dominante e sua grande experiência na África, enquanto AB InBev não tem nenhuma presença no continente", comenta Hilary Joffe, analista financeira, em um artigo publicado nesta semana pelo jornal "Business Day", de Johannesburgo.

"Atualmente, o consumo médio na África é de 9 litros por pessoa em um ano (contra 45 litros em nível mundial em média), mas isso aumenta rapidamente", comenta a analista.

Entretanto, são grandes os desafios e os obstáculos no continente onde a maior parte das pessoas prefere consumir cervejas caseiras, mais baratas. Há ainda fortes concorrentes na África Oriental, como o gigante Diageo, que produz a cerveja queniana Tusker Lager, a Serengeti na Tanzânia e a Bell em Uganda.

"Os africanos gostam de cerveja, mas é muito cara para a maioria das pessoas. A ideia é encontrar uma forma de baixar progressivamente nossos preços", explica o diretor da SABMiller para a África, Mark Bowman.

Para vender mais barato e se adaptar ao mercado SABMiller, outras cervejarias já lançaram cervejas de mandioca, ou de sorgo, o que permite comprar localmente a matéria-prima de trabalhadores rurais, em vez de importar lúpulo, um dos principais ingrediente da cerveja.