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Brexit continua amargando vida dos mercados

27/06/2016 19h47

Paris, 27 Jun 2016 (AFP) - A profunda incerteza que cerca a saída do Reino Unido da União Europeia prosseguia, nesta segunda-feira, amargando a vida dos mercados, sobretudo as ações bancárias e a libra esterlina.

"Os índices europeus voltam a ir mal" após o pânico gerado pelo Brexit nos mercados na sexta-feira passada. "São arrastados pelo setor bancário em um contexto de alto nível de incerteza", segundo a corretora Aurel BGC.

"A decisão do povo britânico leva os mercados mundiais a uma zona de grande incerteza. Entramos em um território desconhecido", concordam os economistas do Groupama AM.

As principais bolsas europeias - que despencaram na sexta-feira, lembrando o pior da crise de 2008 - voltaram a operar nessa segunda-feira no negativo.

Londres fechou com queda de 2,55%, Frankfurt recuou 3,02% e Paris teve baixa de 2,97%. Milão retrocedeu 3,94% e Madri, 1,83%, após a forte alta de 3% na abertura, depois da vitória do Partido Popular nas eleições legislativas de domingo.

Na praça de Londres, as cotações de ações bancárias, imobiliárias e de companhias aéreas despencaram como consequência do Brexit. Barclays, por exemplo, caiu 17,35%.

A desconfiança em relação ao euro e à libra esterlina permanece: às 21H00 GMT (18H00 horário de Brasília), o euro era cotado a 1,1022 dólar contra 1,1112 de sexta-feira. A libra esterlina era cotada a 1,3228 dólar contra 1,3670 da sessão anterior.

Além dos maus resultados do mercado, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou em dois níveis a nota da dívida do Reino Unido, de AAA para AA, por causa do Brexit.

"O Brexit pode desembocar em uma piora dos resultados econômicos do Reino Unido, incluindo seu grande setor financeiro, que é um grande gerador de emprego", explicou.

Mais tarde foi a vez da agência Fitch fazer o mesmo, ao reduzir em um nível a nota do Reino Unido.

A dívida britânica passou de AA+ para AA com perspectiva negativa, o que significa que poderá ser novamente rebaixada nos próximos meses.

- O Brexit pesa em Wall Street - Wall Street também fechou nesta segunda-feira em baixa, igualmente afetado pelo Brexit: o Dow Jones caiu 1,50% e o Nasdaq, 2,41%.

O índice Dow Jones Industrial recuou 260,51 pontos, a 17.140,24 unidades, e o tecnológico Nasdaq caiu 113,54 pontos, a 4.594,44 unidades. O S&P 500 teve queda de 36,87 pontos (1,81%), a 2.000,54 unidades.

A decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia (UE) custou na sexta-feira 2,1 trilhões de dólares em desvalorizações de ativos no mundo todo. Ao mesmo tempo, os investidores optaram maciçamente por valores refúgio como o ouro.

"Está sendo difícil para as pessoas compreender o que Brexit implica para o futuro. Ainda não sabemos qual será a magnitude do impacto", comentou Steven Barrow, do londrino Standard Bank Group, à Bloomberg News.

Os investidores temem que o Brexit inaugure uma nova fase de turbulências nos mercados, meses depois das quedas sofridas nas bolsas no começo do ano pelos temores em torno da desaceleração da economia chinesa, a segunda maior do mundo.

James Audiss, assessor da Shaw and Partners em Sidney, disse que nesta semana poderão haver novas perdas.

"Será uma semana muito dura (...). A semana será muito volátil, e as pessoas sentem medo de se posicionar", explicou.

"O mercado é sensível neste momento às más notícias, por isso veremos mais volatilidade", avaliou Toshihiko Matsuno, estrategista do SMBC Friend Securities, em declaração à AFP.

- Acelerar o divórcio -O Reino Unido deve agora enfrentar as incessantes demandas da UE para acelerar o divórcio, que deverá ser conduzido pelo sucessor do primeiro-ministro David Cameron. O nome de seu sucessor será conhecido no máximo até 2 de dezembro, anunciou nesta segunda-feira o Partido Conservador.

Entretanto, o ministro britânico das Finanças, George Osborne, disse nesta segunda-feira que o Reino Unido ativará o artigo 50 do Tratado da União Europeia para abandonar o bloco no momento oportuno e garantiu que a economia britânica está preparada para o Brexit.

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