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Mercados europeus se recuperam, mas continuam preocupados com Brexit

28/06/2016 19h25

Paris, 28 Jun 2016 (AFP) - Após duas sessões particularmente caóticas, os mercados europeus se recuperam nesta terça-feira, mas continuam preocupados pelas consequências da saída do Reino Unido da UE, que serão analisadas esta semana em uma cúpula europeia.

"O pânico fica para trás", considera Christopher Dembik, economista do Saxo Banque.

A recuperação era geral na Europa à espera da abertura de uma cúpula europeia, da qual os investidores esperam soluções após o terremoto causado pelo 'Brexit' da semana passada.

A chanceler alemã Angela Merkel disse nesta terça-feira que a União Europeia é "forte o suficiente" para sobreviver à saída do Reino Unido.

No fechamento das praças europeias, a Bolsa de Paris subiu 2,61%; a de Frankfurt, 1,93% e a de Londres 2,64%. Madri também fechou em alta (+ 2,48%), assim como Milão (+3,30%).

O impulso europeu repercutiu em Wall Street, que fechou em alta: o índice Dow Jones subiu 1,57% e o Nasdaq 2,12%.

Além disso, as principais vítimas do 'Brexit' -os bancos e a libra esterlina- se recuperaram um pouco nesta terça-feira.

Às 21H00 GMT (18H00 horário de Brasília), a moeda britânica subiu 0,8% em relação ao dólar, a US$ 1,334.

A libra esterlina também teve alta em relação ao euro, a The 82,94 pences por euro, em comparação às 83,32 pences na segunda-feira.

"Ontem, os mercados se concentraram nas ações e nos setores supostamente mais sensíveis às consequências do Brexit. Os bancos, as seguradoras, as companhias aéreas e os setores mais cíclicos foram os grandes perdedores da sessão", destacam os analistas da Aurel BGC.

Contudo, a atual recuperação se anuncia frágil.

"Os mercados vão continuar depois da cúpula de chefes de Estado, em especial as declarações de uns e outros, mas a visibilidade não vai melhorar a curto prazo", acrescentam especialistas da Aurel BGC.

"As incertezas que rondam o futuro político e econômico do Reino Unido, com a degradação da nota soberana do país e os riscos de contágio ao resto do mundo continuam centrando a atenção", opinam por seu lado os economistas do Crédit Mutuel CIC.

Nesse contexto, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu nesta terça-feira ao governo britânico "clarificar o quanto antes" a situação depois do Brexit, afirmando que a UE não pode ter "uma incerteza prolongada".

O parlamento europeu adotou nesta terça-feira em sessão extraordinária uma resolução, não vinculante, onde insta o Reino Unido a invocar "imediatamente" o artigo 50 dos tratados europeus para iniciar o processo de ruptura com a UE.

Essa incerteza reinante estimula a atração para os valores refúgio, como o ouro ou os títulos a dez anos da Alemanha.

Apesar da recuperação e da volta à estabilidade registradas nesta terça-feira, "é evidente que a volatilidade continuará sendo muito alta durante várias semanas e que os investidores vão privilegiar os valores refúgio", constata Dembik.

Para afastar parte da incerteza, "será necessário que os responsáveis políticos europeus revelem rapidamente, talvez no Conselho Europeu dessa semana, um plano para nortear as relações entre Reino Unido e a União Europeia".

Aconteça o que acontecer, segundo ele, "o verão (boreal) não será tranquilo para os mercados financeiros, mas os investidores já estão acostumados a isso".

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