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BP e Shell respiram, mas continuam condicionados pelos baixos preços do petróleo

01/11/2016 16h36

Londres, 1 Nov 2016 (AFP) - Os gigantes petroleiros BP e Royal Dutch Shell obtiveram resultados positivos no terceiro trimestre, mas evitaram comemorar devido aos persistentes preços baixos do petróleo.

Para analisar os resultados publicados nesta terça-feira deve-se considerar que eles não incluem os elementos excepcionais, contrariamente ao que aconteceu no mesmo período do ano anterior.

O grupo anglo-holandês Royal Dutch Shell voltou a apresentar resultados positivos com um lucro líquido de 1,4 bilhão de dólares. Um ano antes, o grupo havia registrado um prejuízo de 7,4 bilhões de dólares, após ter abandonado alguns de seus projetos no Alasca e no Canadá.

O britânico BP melhorou fortemente seus lucros, até 1,6 bilhão de dólares, comparado com os 46 milhões de dólares registrados no terceiro trimestre de 2015.

No entanto, o contexto no lhes é favorável: os preços do petróleo continuam sendo baixos, apesar de terem se recuperado um pouco desde fevereiro de aproximadamente 50 dólares o barril.

"BP e Shell anunciaram uma melhoria de seus dados (...) mas persistem muitos riscos no mercado petroleiro e os preços continuam sob pressão", resumiu Neil Wilson, analista da ETX Capital.

O recente aumento dos preços "parece precário", já que está alimentada pela esperança de um acordo de redução da oferta da Opep, coisa que "ainda está longe de se conseguir", assegurou Wilson.

O analista adverte ainda que Nigéria e Líbia estão aumentando a produção.

BP e Shell demonstraram prudência após a publicação de seus resultados.

"Os preços baixos do petróleo continuam sendo um desafio significativo para a atividade e as perspectivas se mantêm incertas", preveniu o diretor-geral da Shell, Ben van Beurden.

O diretor financeiro da BP, Brian Gilvary, saudou os "progressos, a fim de nos adaptar a um clima difícil pelos preços e as margens".

Revisão em baixa dos investimentosAs grandes companhias petroleiras fizeram ajustes drásticos nos últimos meses para se adaptar a essa conjuntura.

O BP anunciou nesta terça-feira que reduzirá seus gastos de capital para até 16 bilhões de dólares em 2016, diante de uma meta anterior de entre 17 e 19 bilhões de dólares. Para 2017, prevê investimentos de entre 15 e 17 bilhões de dólares.

A Shell disse que seus investimentos para 2017 serão de 25 bilhões de dólares, o nível mínimo de sua meta inicial de entre 25 e 30 bilhões.

Por outro lado, a saúde financeira melhora para ambas as companhias, graças a um maior controle do gasto, a aquisições recentes e a depreciações menos consequentes.

A Shell se apoia em parte na compra de sua rival BG por 71 bilhões de dólares, que neste trimestre já lhe permitiu aumentar sua produção.

O BP parece ter virado a página do acidente de 2010 no golfo do México, uma catástrofe que deixou marca em todos os exercícios dos últimos anos.

jbo/acd/app/erl/cc/mvv

ROYAL DUTCH SHELL PLC