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Em meio a escândalos, Temer tenta reativar a economia

22/12/2016 18h17

Brasília, 22 dez 2016 (AFP) - O presidente Michel Temer anunciou nesta quinta-feira novas medidas para frear a piora das perspectivas de crescimento e descartou renunciar, apesar da sua impopularidade e dos escândalos que cercam seu governo.

"Se vou renunciar? Confesso que não pensei nisso", disse, entre risadas, durante um café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada.

Em profunda recessão e com uma perspectiva de recuperação mais lenta do que o esperado, o governo acrescentou nesta quinta-feira a seu leque de reformas novas medidas econômicas para reduzir o endividamento das famílias assim como uma reforma das leis trabalhistas.

Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, essas medidas aumentarão a produtividade dos trabalhadores e das empregos. Meirelles garante que o Brasil já está no caminho da recuperação.

Os dados, contudo, continuam decepcionantes.

O Banco Central reduziu na quinta-feira suas projeções de crescimento e prognosticou que o PIB brasileiro, que em 2015 recuou 3,8%, cairá 3,4% neste ano.

Em 2017, o país deve voltar a crescer, mas o avanço será de somente 0,8%, cinco décimos a menos do que as previsões anteriores (+1,3%).

Os dados do BC não chegaram a surpreender o mercado, que tem previsões ainda mais pessimistas, disse à AFP Sílvio Campos, analista da consultoria Tendências.

"Existe um sentimento generalizado de que o ano que vem será difícil do ponto de vista econômico", acrescentou.

- Impopular e atingido por escândalos -Há sete meses no poder, Temer perdeu vários de seus ministros por suspeita de corrupção, enquanto ele mesmo é alvo do escândalo da Lava-Jato.

Um ex-executivo da Odebrecht declarou recentemente que parlamentares do PMDB receberam enormes quantias de dinheiro para que a empresa ganhasse licitações na Petrobras e para obter a aprovação de leis e decretos favoráveis para a empresa.

Temer foi acusado de pedir em 2014 dez milhões de reais para financiar campanhas eleitorais, o que ele nega.

Temer criticou que políticos citados por delatores sejam "definitivamente condenados", sem que haja um longo processo para investigar os fatos denunciados.

Apesar de garantir não ter nada contra a operação Lava-Jato, o presidente admitiu que ela "cria um clima de instabilidade".

Em meio à crise econômica e aos escândalos de corrupção, Temer conta apenas com 10% de aprovação, de acordo com uma pesquisa recente do instituto Datafolha.

Além disso, 63% deseja sua renúncia antes do fim do ano, para que haja eleições diretas para a presidência.

"Não abro mão da popularidade. Abala, mas não me incomoda para governar", disse Temer.

"Um governo com popularidade extraordinária não poderia tomar medidas impopulares. Estou aproveitando essa suposta baixa popularidade para tomar medidas impopulares, que caso contrário não tomaríamos", explicou.

- Corrida contra o tempo -Novas denúncias podem surgir da delação de 77 ex-executivos da Odebrecht que colaboram com a justiça.

"Isso dificulta o trabalho do governo, especialmente em um momento em que ainda há uma certa fragilidade em virtude dos fracos números econômicos e porque também precisará de apoio político no primeiro semestre para aprovar a reforma do sistema de aposentadorias", apontou Campos.

Essa reforma, que tentar tornar mais rígidas as condições do sistema previdenciário e outros benefícios, é a próxima prioridade do governo, que já conseguiu aprovar o congelamento do gasto público por 20 anos e flexibilizou as regras para que empresas privadas possam participar da exploração dos campos do pré-sal.