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Caixas-pretas são indispensáveis para apurar acidentes

27/12/2016 09h40

PARIS, 27 dez 2016 (AFP) - As caixas-pretas, que registram todos os dados de um voo, incluindo as conversas na cabine de comando, são ferramentas indispensáveis para determinar as causas de um acidente aéreo.

Uma das duas caixas-pretas do Tupolev TU-154 que caiu no Mar Negro no domingo foi recuperada na madrugada desta terça-feira, segundo o ministério russo da Defesa.

"A principal caixa-preta foi encontrada às 05h42, hora local em Moscou (00h42 no horário de Brasília), a 1.600 metros da costa, a uma profundidade de 17 metros", afirmou o ministério russo da Defesa, acrescentando que o objeto foi enviado a Moscou para ser decodificada, o que poderia levar semanas.

De acordo com uma fonte citada pela agência Interfax, a caixa-preta encontrada, "em bom estado", é a que guarda os parâmetros técnicos do voo, e não as conversas na cabine.

Introduzidas na aviação a partir dos anos 60, as caixas-pretas têm um revestimento metálico muito sólido, concebido para resistir aos choques mais violentos, a fogos intensos e longas imersões em águas profundas.

Elas são, na verdade, de cor laranja e têm faixas brancas fosforescentes para ajudar no processo de localização. A palavra "preta" faz referência ao fato de que seu conteúdo é protegido e inacessível para as pessoas comuns.

Um avião comercial possui duas caixas pretas: o DFDR (Digital flight Data Recorder), que tem os parâmetros do voo, e o CVR (Cockpit Voice Recorder), onde ficam registradas as vozes e os ruídos da cabine dos pilotos.

O DFDR contém a gravação, segundo por segundo, de todos os parâmetros do voo (velocidade, altitude, trajetória...). O CVR inclui as conversas, mas também todos os sons e anúncios ouvidos na cabine dos pilotos. Uma análise acústica mais aprofundada permite até determinar como estavam funcionando os motores.

Graças a esses aparelhos, quase 90% dos acidentes aéreos podem ser explicados.

As caixas-pretas são protegidas por um cofre de aço blindado de 7 kg, capaz de resistir a uma imersão de um mês a 6.000 metros de profundidade e a um incêndio de uma hora e temperatura de até 1.100 graus.

Elas são equipadas de uma baliza acionada em caso de imersão e que emite um sinal de ultrasom para permitir a localização do aparelho. O sinal é emitido a cada segundo durante pelo menos 30 dias seguidos, e pode ser detectado a 2 km de distância.

As do voo 447 da Air France entre Rio de Janeiro e Paris, que caiu em 1 de junho de 2009, foram encontradas 23 meses após o acidente, a 3.900 metros de profundidade no oceano Atlântico, e seus dados puderam ser integralmente extraídos.