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UE-Mercosul negociam apesar da crise da carne brasileira

22/03/2017 15h58

Buenos Aires, 22 Mar 2017 (AFP) - A crise provocada pela carne adulterada no Brasil não é nenhum obstáculo para as atuais negociações por um acordo comercial União Europeia-Mercosul, afirmou nesta quarta-feira, em Buenos Aires, a diretora para as Américas da UE, Edita Hrdá.

"É algo muito diferente do comércio concreto. Ambas as partes temos condições, como as fitossanitárias, mas (a crise das carnes) não é absolutamente nenhum obstáculo para as negociações", disse, consultada pela AFP. As negociações terminam na sexta-feira em outra tentativa de avançar em algum tipo de entendimento.

Países da Ásia, das Américas e da UE impuseram diferentes tipos de restrições e medidas de controle em diferentes casos de carnes adulteradas no Brasil. Os produtores de carne franceses pediram explicitamente para "excluir" o setor de carne bovina das negociações UE-Mercosul.

"As condições fitossanitárias, ao contrário, contribuem para um acordo melhor entre as partes. É do interesse dos governos ter comida saudável. O que aconteceu agora pode acontecer com alguns outros produtos. Depende da qualidade dos controles e da confiança nas autoridades", disse Hrdá em uma breve entrevista coletiva.

O comissário europeu de Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, se reunirá na segunda-feira no Brasil com o ministro brasileiro da Agricultura, Blairo Maggi, para falar do escândalo da carne brasileira.

"Se você me perguntar se esse tema será incluído na negociação, simplesmente vou te dizer que não", contestou Hrdá.

Diretora-executiva para as Américas do Serviço Europeu de Ação Exterior da Comissão Europeia, Hrdá conduz em Buenos Aires uma missão de 50 diplomatas.

Hrdá disse que observa com "muito boa vontade" ambas as partes para alcançar um consenso sobre o projeto de associação comercial que se discute desde 1999.

A UE suspendeu as compras de quatro frigoríferos que exportavam para a Europa. A Argentina fortaleceu os controles enquanto México e Chile suspenderam as importações.

Hong Kong, maior importador de carnes do Brasil, se somou ao bloqueio de carnes do Brasil. A China, segundo maior cliente, paralisou as importações e Estados Unidos, Rússia e Coreia do Sul também reforçaram os controles.