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Cepal: investimento estrangeiro na América Latina voltará a cair em 2017 (-5%)

10/08/2017 15h17

Santiago, 10 Ago 2017 (AFP) - O investimento estrangeiro direto (IED) na América Latina e no Caribe vai voltar a cair por volta de 5% em 2017, desacelerado pela redução do preço das matérias-primas, estimou nesta quinta-feira a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

A queda se soma à retração de 7,9% registrada no ano passado, quando os investimentos totalizaram 167,043 bilhões de dólares, e o recuo de 9,1% em 2015, que levou ao menor nível em cinco anos.

Diante da nova projeção de queda, o órgão pediu para os países "gerarem políticas para atrair fluxos que apoiem os processos nacionais de desenvolvimento sustentável".

Os preços baixos das matérias-primas, o principal motor das economias regionais, impactou os investimentos dirigidos ao setor de recursos naturais, cujos investimentos caíram 13% em 2016, explicou a Cepal, órgão técnico das Nações Unidos com sede em Santiago.

Por outro lado, a indústria e os serviços ganharam peso, concentrando 40% e 47%, respectivamente, dos investimentos regionais.

Em 2016, novos investimentos foram liderados por energias renováveis, telecomunicações e indústria automotiva.

Os projetos de energia renovável representam 18% do montante anunciado em 2016, tornando-se a atividade mais dinâmica do período, sobretudo em México e Caribe.

Ao todo, no ano passado, a região recebeu 10% do investimento estrangeiro global, perto da faixa de 2015, mas menor que a média em 2011 e 2014.

O IED é um fator importante para o desenvolvimento de atividades exportadoras na região, mas novos cenários tecnológicos "exigem novas políticas para aproveitar os benefícios do IED em processos nacionais de desenvolvimento sustentável", alertou Alicia Bárcena, secretária executiva da Cepal, na apresentação do relatório em coletiva de imprensa.

- Brasil na liderança -Apesar da recessão que atinge o país nos últimos anos, o Brasil, maior economia da região, ampliou em 5,7% suas entradas de IED em 2016, a 78,929 bilhões de dólares, equivalentes a 47% do total regional.

Os bons números, contudo, não se devem a uma ampliação dos investimentos, mas à alta dos empréstimos transnacionais, explicou a Cepal.

O México, que recebeu 32,113 bilhões de dólares e ficou em segundo lugar em investimentos recebidos (19% do total), não conseguiu manter o dinamismo de anos anteriores e registrou uma queda de 7,9%, apesar dos níveis historicamente elevados.

Os investimentos na Colômbia cresceram 15,9%, totalizando 13,593 bilhões de dólares, tornando o país a terceira economia com maiores entradas de IED (8%), acima do Chile, que concentrou 12,225 bilhões de dólares, e da Argentina, com 4,229 bilhões de dólares.

O estudo destaca que os países investidores não mudaram: 73% do total de IED vieram dos Estados Unidos (20%), principal investidor individual, e da União Europeia (53%).

A China só investiu 1,1% do IED recebido pela região em 2016, "dado que minimizaria a presença de capitais chineses em países da América Latina e do Caribe", de acordo com a Cepal.

Contudo, "dadas as grandes operações realizadas pela China no primeiro semestre de 2017, é de se esperar que essa participação aumente no próximo ano", diz o documento.