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Problemas políticos de Trump preocupam as empresas

21/08/2017 15h48

Washington, 21 Ago 2017 (AFP) - Economistas de empresas americanas estão preocupados com as complicações políticas do presidente Donald Trump e os potenciais riscos de suas intenções comerciais e de imigração, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.

A sondagem da NABE é outra demonstração de que a comunidade empresarial está se afastando de Trump. Na semana passada, diretores de várias companhias deixaram os conselhos consultivos do presidente após ele afirmar que os dois lados tiveram responsabilidade nos confrontos entre supremacistas brancos e antirracistas que deixaram uma mulher morta na Virgínia.

Apesar de a pesquisa ter sido feita uma semana antes dos incidentes, ela já mostra a crescente preocupação de empresários que celebraram em novembro a vitória de Trump, porque ele prometia baixar impostos para impulsionar a economia.

"Acho que parte da preocupação surge do que ocorreu recentemente, que pode prejudicar a capacidade da administração de aprovar sua agenda legislativa", disse Frank Nothaft, analista da organização de economia empresarial americana NABE.

Após afirmar que não fala em nome de quem prepara o informe político semestral da NABE, Nothaft disse à AFP que o governo de Trump tem muitos planos legislativos que poderiam estimular o crescimento econômico e aumentar os gastos.

Contudo, "tudo o que aconteceu põe em risco essa agenda legislativa. Vão aprovar alguma coisa?", questionou.

A pesquisa NABE, que reúne acadêmicos, empresários e funcionários, mostrou que a maioria dos economistas considera "quase correta" a política fiscal atual, mas, por sua vez, são "bastante pessimistas sobre a realização a curto prazo de uma reforma fiscal neutra significativa".

- 'Notas desfavoráveis' -Realizada entre 18 de julho e 2 de agosto, entre 184 integrantes da NABE, a pesquisa mostrou que eles estimam em apenas 10% as chance de que a legislação seja aprovada este ano e 15% em 2018.

Mais de metade dos participantes avaliou que a reforma fiscal agregaria menos de um ponto percentual ao crescimento do PIB nos próximos 10 anos. Um terço crê que o impacto ficará entre um e dois pontos percentuais.

A consulta também mostrou a preocupação com as "consequências desfavoráveis" das políticas de Trump em matéria de comércio e imigração.

Nessas áreas, "os participantes da pesquisa deram notas desfavoráveis à administração, disse o responsável do estudo Richard DeKaser, que é também vice-presidente e economista corporativo do banco Wells Fargo.

Nothaft, economista-chefe da empresa CoreLogic, explicou que qualquer coisa que possa lançar dúvidas sobre as perspectivas de investimentos futuros pode atrasar os gastos das empresas, com consequente impacto sobre a economia.

Quando as políticas "flutuam e o ambiente pode mudar dramaticamente, as companhias poderiam parar", disse. "O investimento é uma parte importante do crescimento do PIB", completou.

Ainda assim, as restrições à imigração afetam as empresas, que já têm tido dificuldade de encontrar mão de obra, especialmente de tecnologia de ponta e construção.