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Ibovespa fecha com mais de 70.000 pontos pela primeira vez desde 2011

22/08/2017 20h28

São Paulo, 22 Ago 2017 (AFP) - O índice Ibovespa da Bolsa de São Paulo fechou nesta terça-feira com mais de 70.000 pontos pela primeira vez desde 19 de janeiro de 2011, impulsionado pela espetacular alta da Eletrobras, um dia depois de o governo brasileiro anunciar a intenção de privatizar a empresa.

As ações ordinárias da estatal dispararam 48,87%, seguidas das preferenciais, que avançaram 32,59%, nas duas maiores altas do Ibovespa, que fechou com 70.011 pontos (+2,01%).

Os papéis preferenciais da companhia elétrica Cemig ficaram em terceiro lugar no pregão, com alta de 8,58%.

Entre as demais do setor energético, os títulos ordinários da Petrobras subiram 3,70% e os preferenciais 3,37%.

A valorização das ações da Eletrobras aumentaram em 9 bilhões de reais o valor de mercado da estatal e movimentaram mais de 200 milhões de reais nesta terça-feira, segundo estimativas do jornal econômico Valor.

O anúncio da privatização surpreendeu, o que explica as altas, "mas a privatização é um processo difícil que tende a ter várias etapas, pelo que um ajuste e, inclusive uma correção, são efeitos naturais que podemos esperar para os próximos dias", avaliou o economista Silvio Campos Neto, da Consultoria Tendências.

- Recuperação -Campos Neto garante que é difícil prever se o Ibovespa vai se manter acima dos 70.000 pontos, alcançada pela primeira vez desde 19 de janeiro de 2011, quando chegou a 70,058 pontos.

"É melhor ter um pouco de cuidado porque por mais que a agenda econômica seja muito boa, não é garantido que continue assim", acrescentou.

A melhor marca histórica do Ibovespa é de 73.516 pontos, alcançada em maio de 2008.

Apesar da recessão e da crise política, a Bolsa de São Paulo fechou 2016 com avanço de 38,9%, a 60.227 pontos, seu primeiro ano no verde desde 2012 (quando encerrou com alta de 7,4%). Em 2015, no auge da crise, ela perdeu 13%.

Neste ano, a a bolsa subiu até oscilar entre os 67.000 e os 69.000 pontos, mas a crise política desatada em meadas de maio com as acusações de corrupção envolvendo o presidente Michel Temer fez o índice voltar a oscilar entre os 60.000 e os 64.000 pontos.

A negativa do Congresso brasileiro de dar curso à acusação da Procuradoria-Geral da República contra Temer há duas semanas e a divulgação de resultados empresariais deram um novo impulso ao Ibovespa, que recuperou seus níveis anteriores à crise.

"Há bons motivos para esta recuperação, mas há muitos riscos pela frente, como a agenda de reformas, a reforma da Previdência, o próprio processo eleitoral do ano que vem, que não garante a agenda atual [do governo] e um cenário fiscal muito ruim", destacou Campos Neto.

"O mercado se anima com o avanço, com superar a barreira dos 70.000 pontos, mas ainda não podemos afirmar que será sustentável, e é provável ver ele vá ser corrigido nos próximos dias", opinou o analista da Walpires Corretora, Fabrizio Stagliano.

O governo do presidente Michel Temer, alvo de escândalos de corrupção, lançou um ambicioso plano de privatizações que inclui aeroportos, campos de petróleo e agora de geração, transmissão e distribuição de energia.