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Trabalhistas querem manter o Reino Unido no mercado único europeu

27/08/2017 13h22

Londres, 27 Ago 2017 (AFP) - O Partido Trabalhista britânico anunciou neste domingo seu desejo de manter o Reino Unido no mercado único europeu durante um período de transição pós-Brexit.

Se estivesse no poder, "o Partido Trabalhista tentaria um acordo de transição que mantivesse as mesmas condições de base de que nos beneficiamos atualmente na UE", escreveu Keir Starmer, encarregado de tratar do Brexit na formação, em um artigo publicado no jornal The Observer.

"Isso significa que tentaríamos permanecer na União Alfandegária Europeia e dentro do mercado único durante este período e que respeitaríamos as regras das duas entidades", acrescentou, referindo-se ao fato de que a livre circulação de bens e de trabalhadores continuaria durante esse tempo de transição.

Starmer deu a entender, inclusive, que um Reino Unido trabalhista jamais sairia da União Alfandegária Europeia: "Sempre colocaremos o emprego e a economia em primeiro lugar. Isso significa que permanecer em uma forma de união alfandegária na UE é um resultado possível para o Partido Trabalhista, mas deve ser um tema de negociações", escreveu.

Até agora, os trabalhistas respondiam de maneira ambígua e difusa à pergunta se negociariam uma manutenção no mercado único e união alfandegária, contentando-se em afirma que queriam um Brexit que proteja o emprego.

Com esta posição muito mais europeísta, o Partido Trabalhista se distancia claramente dos conservadores, no poder, que rejeitaram a ideia de continuar dentro de um mercado único durante o período de transição pós-Brexit.

Estas declarações acontecem em um momento em que o Partido Conservador está fragilizado, já que perdeu sua maioria no Parlamento durante as eleições gerais de junho e se viu obrigado a governar em coalizão com a pequena formação norte-irlandesa ultraconservadora Partido Unionista Democrático (DUP).

Em compensação, o Partido Trabalhista consolidou seu posto de primeiro partido da oposiçãoi ganhando 30 cadeiras e pediu em várias ocasiões à primeira-ministra Theresa May que se demita e organize novas eleições. Há meses, seus opositores e alguns membros do partido pedem que ela esclareça sua posição sobre o Brexit.

Uma fonte governamental, por sua vez, pediu à UE que não demore nas negociações, que terão uma nova sessão esta semana.

"Os dois partidos devem ser flexíveis e encontrar compromissos quando se trata de solucionar desacordos sobre alguns temas", declarou esta fonte.

Em Bruxelas, altos dirigentes da UE lamentaram na sexta a falta de substância nas posições do Reino Unido nas negociações do Brexit.

Londres afirma, em compensação, ter demonstrado um "enfoque pragmático" com a publicação de uma série de documentos sobre suas posições durante as últimas semanas.

Segundo a fonte governamental, as discussões desta semana serão essencialmente de caráter técnico e devem ser "um trampolim para negociações mais substanciais em setembro".