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Padres se unem à crítica de abertura da Amazônia para mineração

28/08/2017 18h12

Brasília, 28 Ago 2017 (AFP) - A Rede Eclesial Pan-Amazônia, dependente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), se somou nesta segunda-feira à chuva de críticas de ONGs, políticos e da supermodelo Gisele Bündchen contra o decreto do presidente Michel Temer para abrir uma gigantesca reserva amazônica à exploração da mineração privada.

Em seu comunicado, a rede de padres católicos "vem a público repudiar o anúncio antidemocrático" de 23 de agosto que estabelece o fim da Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), uma área do tamanho da Dinamarca, que afeta territórios indígenas das etnias Aparai, Wayana e Wajapi.

A abertura para fins de mineração desta área de quase quatro milhões de hectares, delimitada em 1984 entre Pará e Amapá, "aumentará o desmatamento, a perda irreparável da biodiversidade e os impactos negativos contra os povos de toda a região", adverte o presidente da rede, o cardeal Clauio Hummes, em uma carta pública da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).

Hummes lamenta a decisão tomada por Temer, sem a realização de uma consulta pública, cedendo, a seu critério, à vontade de empresários da mineração e "às pressões da bancada de parlamentares vinculados às companhias extrativistas que financiam suas campanhas".

A carta, na qual pede a revogação da medida, retoma as palavras do papa Francisco em 2015: "há propostas de internacionalização da Amazônia que só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais".

Temer manifestou que seu decreto não eximirá o Estado de cumprir com seus compromissos de proteção ambiental e que as mineradoras não poderão se estabelecer em áreas protegidas.

No entanto, o agronegócio e as atividades extrativistas na Amazônia avançaram no Brasil de maneira constante nas últimas décadas.

O presidente, que tomou outras medidas polêmicas em matéria de meio ambiente, assegura que busca "o desenvolvimento sustentável da Amazônia", controlando e dinamizando a atividade mineradora como parte de seus planos para retirar o país da recessão.

Organizações não governamentais (ONGs) como Greenpeace e o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) advertiram que esse decreto é uma "tragédia anunciada". Gisele Bündchen foi uma das principais promotoras nas redes sociais das hashtags "Todos pela Amazônia" e "SOS Amazônia" contra o decreto de Temer, ao qual também se opôs o ator Leonardo DiCaprio, ex-namorado da modelo.