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Brasil sai da recessão com impulso do mercado interno

01/09/2017 15h32

Rio de Janeiro, 1 Set 2017 (AFP) - O Brasil saiu da pior recessão de sua história graças ao impulso do setor de serviços e ao consumo das famílias no segundo trimestre, segundo dados divulgados nesta sexta-feira.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 0,2% no período abril-junho em relação ao trimestre anterior, quando tinha registrado sua primeira expansão, de 1%, depois de oito semestres de recessão, informou a IBGE.

Apesar de ser modesto, o segundo resultado positivo seguido marca o fim da recessão que o país atravessou nos últimos dois anos. Em 2015, o PIB brasileiro retrair 3,8%, e em 2016, 3,6%.

- PIB 'resiliente' -O crescimento do primeiro trimestre foi baseado quase exclusivamente na forte expansão (de mais de 13%) do setor agropecuário e nas exportações, estimuladas pelo aumento do preço das commodities.

O fim da super colheita, a crise política e as dificuldades do país para gerenciar seus déficits levantaram dúvidas sobre a possibilidade de uma segunda expansão seguida, definição técnica de fim da recessão.

A estimativa média de 18 analistas consultados pelo jornal Valor Econômico era de um crescimento trimestral nulo (0%).

Temer disse em um vídeo gravado na China que tem "tido a felicidade de dar boas notícias nos últimos tempos". Nesta quinta, o IBGE anunciou uma ligeira queda do desemprego pelo quarto mês seguido.

Os dados tiveram boa repercussão da Bovespa, que teve alta de 1,74% no começo desta tarde.

"Entraremos em 2018 num ritmo forte e constante. Continuaremos a trabalhar para garantir que essa expansão seja longa e duradoura", comemorou o ministro na Fazenda, Henrique Meirelles.

Os operadores de mercado consultados semanalmente pela pesquisa Focus do Banco Central preveem um crescimento de 0,39% em 2017 e de 2% em 2018.

"Não vamos a ter um resultado brilhante neste ano", mais ainda assim a economia brasileira está demonstrando sua "resiliência", em "um ambiente político agitado e ainda cheio de incertezas", disse à AFP Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas.

Especialistas duvidam, contudo, que Temer consiga aprovar a reforma da Previdência com a popularidade tão baixa, uma mudança considerada a mais importante pelo mercado.

- Retomada do mercado interno -No exercício abril-junho, o principal motor da economia foi o setor dos serviços, que representa mais de dois terços na composição do PIB, com um aumento trimestral de 0,6% (frente a um crescimento nulo no primeiro trimestre).

A indústria recuou 0,5% (+0,9% no primeiro trimestre) e o setor agrícola, depois da super colheita que assegurou seus resultados no começo do ano, ficou estagnado (0%).

Pelo lado da demanda, destaca-se o crescimento do consumo das famílias (+1,4%), em contraposição aos gastos do governo (-0,9%) e aos investimentos (-0,7%).

"Este resultado foi influenciado pela evolução de alguns indicadores macroeconômicos ao longo do trimestre, como a desaceleração da inflação, a redução da taxa básica de juros e o crescimento, em termos reais, da massa salarial", apontou o IBGE em uma nota à imprensa.

"Começamos a ver um PIB que não depende de um só setor. A recuperação é tímida, mas um pouco mais disseminada, com alguma reação de outros setores", disse à AFP o analista Ignácio Crespo, da Guide Investimentos.

André Perfeito, da Gradual, considerou, por sua vez, que "é cedo para falar em recuperação, obviamente", e alertou que, "com os dados do investimento em baixa, não há polo de crescimento econômico consistente na economia brasileira".

- À espera por investimentos -Os investimentos parecem ser o principal ponto fraco da reativação, com um retrocesso de 0,7% trimestral e de 6,5% interanual.

Temer se encontra na China, onde participará da cúpula dos BRICS e pretende atrair capitais para os quase 60 projetos de privatizações e concessões anunciadas em agosto para as áreas de energia, infraestruturas e transportes.