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FMI eleva previsão de crescimento mundial mas insiste com reformas

10/10/2017 10h45

Washington, 10 Out 2017 (AFP) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou levemente nesta terça-feira a previsão de crescimento global para 2017 e 2018, mas pediu aos governos que pensem em reformas para tornar sustentável uma recuperação que chamou de "incompleta".

Em seu novo Panorama Econômico Mundial, o FMI projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial de 3,6% este ano, e de 3,7% em 2018, com um leve reajuste de 0,1% nos dois casos na comparação com as previsões de julho.

A instituição recordou que este é um avanço considerável em relação a 2016, quando a economia global registrou alta de 3,2%.

O economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, afirmou que a "recuperação mundial persiste, com um ritmo mais acelerado", em especial na comparação com o cenário do ano passado, marcado por "crescimento titubeante e turbulência nos mercados financeiros".

Obstfeld destacou que grande parte do otimismo que motivou a revisão em alta do crescimento mundial está apoiado em "perspectivas positivas das economias avançadas", que em geral devem crescer 2,2% este ano e 2,0% no próximo ano.

- Recuperação de base ampla -A zona do euro (previsão de 2,1%), o Japão (1,5%), as economias emergentes da Ásia (6,5%), a Rússia (1,8%) e os Estados Unidos (2,2%) são as economias que sustentam o otimismo do FMI para este ano.

"A atividade econômica deve acelerar em todos os grupos de países, com exceção do Oriente Médio", destaca o Fundo.

Entre as principais economias europeias, o FMI destaca em sua previsão um crescimento este ano de 2,0% na Alemanha, 1,6% na França e 3,1% na Espanha, todos países que tiveram revisão em alta.

Para o Reino Unido, no entanto, o FMI mantém inalterada a previsão de alta de 1,7% do PIB este ano.

O Fundo projeta ainda um crescimento de 4,6% este ano nas principais economias emergentes (em particular Rússia, China e Índia), e de 1,2% para a América Latina e o Caribe.

Neste sentido, o FMI aponta que as "condições ainda difíceis" enfrentadas por exportadores na América Latina "mostram alguns sinais de melhoria".

Além disso, afirmou Obstfeld, esta recuperação se caracteriza por ter uma "base ampla", porque é verificada simultaneamente em várias regiões do mundo, de "forma mais marcante que em qualquer outro momento desde o início da década".

O FMI, no entanto, alertou que "a recuperação global ainda é incompleta" e afirmou que este é o momento de iniciar as reformas necessárias para não perder a oportunidade.

Para o FMI, a incipiente recuperação da economia mundial oferece a possibilidade de adotar reformas para "ampliar a produção potencial e assegurar que os benefícios são compartilhados, além de construir resistência para riscos em baixa".

- Apelo por ação -Para Obstfeld, a recuperação "ainda é incompleta em aspectos importantes" e a janela de oportunidades que o estímulo ascendente oferece não estará aberta de forma indefinida.

Por este motivo, completou, a "ação deve começar agora, enquanto o tempo é bom". Ele mencionou que estudos realizados pelos técnicos do Fundo sugerem que "as reformas estruturais são mais fáceis de implementar quando a economia é forte".

Entre os fatores que podem colocar em risco a recuperação, o FMI mencionou a possibilidade de um aumento mais rápido que o esperado das taxas de juros nos Estados Unidos e na Europa, desequilíbrios de crédito na China e um retorno do protecionismo comercial.

Assim, o FMI sugere que países com alto nível de emprego reduzam a dívida pública, ao mesmo tempo que os outros reforcem o investimento em educação e infraestrutura para abrir o caminho para um avanço nos salários reais.

O FMI aponta ainda que é "crucial" que os Bancos Centrais apliquem "suavemente" eventuais altas das taxas de juros.

Finalmente, o FMI faz um alerta sobre os riscos "não econômicos", incluindo tensões geopolíticas, corrupção ou problemas de governabilidade, porque "estão particularmente interconectados e podem reforçar-se mutuamente".