Bitcoin voa alto em sua estreia no mercado futuro
Nova York, 12 dez 2017 (AFP) - O bitcoin, a polêmica moeda virtual, teve uma estreia triunfal no mercado financeiro internacional, superando sem dificuldade a barreira de US$ 18 mil por unidade, ao mesmo tempo que reguladores advertem para os riscos das criptomoedas.
A cotação a futuro para janeiro do Bitcoin (símbolo XBT) fechou em US$ 18.850 às 21h15 GMT (19h15 de Brasília) de segunda-feira (11), no primeiro dia de negociações, um pouco baixo do pico registrado na sessão, mas muito acima dos US$ 15 mil da abertura no domingo à noite na Chicago Board Options Exchange (CBOE), uma das duas plataformas de negociação deste tipo de contratos nos Estados Unidos.
A CBOE foi a primeira oportunidade oficial para os investidores profissionais de investir no bitcoin, criado em 2009 e que é alvo de desconfiança pela ausência de regulação e falta de transparência, o que torna a moeda virtual atraente para criminosos e traficantes que desejam lavar dinheiro.
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A Chicago Mercantile Exchange (CME) iniciará negociações na próxima semana e muitos esperam que o mesmo aconteça em 2018 com a Nasdaq, a plataforma em que operam Google e Facebook.
No entanto, em um sinal da incerteza provocada pelo avanço meteórico do bitcoin, a Securities and Exchange Commission (SEC), que regulamenta a Bolsa nos Estados Unidos, advertiu na segunda-feira os investidores sobre os riscos das criptomoedas e as ofertas iniciais de moeda, uma importante ferramenta para financiar novas divisas.
"Os investidores deveriam entender que até agora nenhuma oferta inicial de moeda foi registrada na SEC", disse o presidente da Comissão, Jay Clayton.
Muitos bancos permaneceram à margem da cotação na CBOE.
Mas o presidente da CBOE, Ed Tilly, afirmou que os críticos devem expressar o ceticismo no mercado.
"Se é uma fraude, se é uma bolha, se é legítimo (...) você poderá expressa todos estes pensamentos em um mercado transparente", disse Tilly.
A estreia na CBOE demonstrou a tendência de volatilidade do bitcoin: a cotação foi suspensa duas vezes por oscilações bruscas de preço.
A CBOE "dá legitimidade porque reconhece que o bitcoin é um ativo como qualquer outro (dólar, euro, petróleo, gás, soja) que pode ser negociado", explicou Nick Colas, analista da Data Trek Research.
A estreia da moeda virtual em um grande mercado internacional foi "bastante tranquila e estável", disse à AFP Bob Fitzsimmons, diretor de contratos futuros da Wedbusch Securities.
"Ouro digital" ou "bolha"?
Os defensores chamam o bitcoin de "ouro digital". Sua origem é um software criptografado supostamente criado por um programador desconhecido.
As negociações são exclusivamente eletrônicas. Sem existência física, o bitcoin apoia-se em um sistema de pagamento entre pessoas P2P baseado em uma tecnologia denominada "blockchain".
A moeda virtual divide os economistas, grandes instituições financeiras e investidores, mas encontrou eco em países excluídos do sistema financeiro americano, como a Venezuela, ou com uma inflação e deflação elevadas.
O entusiasmo chegou recentemente aos países ocidentais, onde as ações das empresas cotadas são muito caras, o que empurra alguns investidores e pequenos correntistas a buscar outros produtos financeiros.
Mas para Jamie Dimon, diretor executivo do banco americano JPMorgan Chase, o instrumento é uma "fraude".
E uma "bolha especulativa" que provavelmente vai "implodir", na opinião dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Jean Tirolle.
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