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Mercado de ações no Brasil continua lucrativo, apesar de flutuações

28/12/2017 19h27

São Paulo, 28 dez 2017 (AFP) - A Bovespa voltou a registrar, em 2017, lucros generosos, apesar de os investidores terem precisado de nervos de aço para aguentar os altos e baixos provocados pela agitação política no país.

Os sinais são de que 2018, um ano com eleições desde já marcadas por muitas incertezas, não será mais fácil.

Na última sessão do ano, nesta quinta-feira (28), o índice Ibovespa fechou em leve alta de 0,43%, a 76.402 pontos, somando 26,8% ao longo de 2017.

No ano passado, a principal bolsa da América Latina cresceu 38,9%, em seu primeiro ano no azul desde 2012, estimulada sobretudo pela alta dos preços das commodities nos mercados internacionais.

Neste ano, somaram-se outros fatores, como a retomada econômica do país, depois de dois anos de recessão, com uma recuperação do consumo nos últimos meses.

Fabricio Stagliano, economista-chefe da Walpires Corretora, prevê um 2018 bastante volátil.

"O ano que vem será decisivo. O país está numa melhora, que justifica essa possibilidade de rentabilidade", mas "a agenda política mais do que nunca influencia" as avaliações dos investidores, resume.

- Entre escândalos e dúvidas -O ano de 2017, entretanto, foi marcado por vários sobressaltos: em maio, as gravações que envolveram Michel Temer no caso de corrupção da JBS derrubaram o Ibovespa mais de 10%, forçando uma suspensão de operações durante meia hora.

Superada essa crise, com o bloqueio da investigação de Temer em votação no Congresso, o Ibovespa passou a registrar vários recordes seguidos em setembro, chegando a superar os 78.000 pontos.

A bolsa ficou mais calma nos meses seguintes, em meio a dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar a reforma da Previdência Social e pelas incertezas em torno das próximas eleições presidenciais de outubro, sem candidatos pró-mercado entre os favoritos.

Diversos analistas temem que essas incertezas levem a agência de classificação S&P Global Ratings a rebaixar, nesta semana, a nota de risco soberano do Brasil - atualmente BB com perspectiva negativa - por causa do risco de uma piora do déficit público.

Essa decisão poderia perturbar um contexto macroeconômico a princípio favorável, com uma queda consistente da inflação e das taxas de juros, além de balança comercial com forte superávit, graças às exportações recordes.

Cinco empresas tiveram, neste ano, valorização superior ou próxima a 100%: a siderúrgica Usiminas, a rede de universidades particulares Estácio, a locadora de veículos Localiza, a ferroviária Rumo e a companhia de investimentos Bradespar.

Acionistas dos "pesos pesados" do Ibovespa tiveram lucros "moderados" em relação a essa cifras. A cervejaria Ambev e os bancos Itaú e Bradesco tiveram lucros de 30% a 40%.

A mineradora Vale subiu 65%, metade do seu crescimento de 2016 (128,99%).

A Petrobras, que se recupera do escândalo de corrupção, deve fechar o ano com alta de 11%, com ações a pouco mais de 16 reais - finalmente recuperando seu nível anterior à crise.

Entre os recuos, a JBS, por causa do caso de corrupção, sofreu uma depreciação de cerca de 17%, bem como as ações ordinárias da Eletrobras, que foram abaladas pela lentidão de sua anunciada privatização.

- Novas flutuações pela frente -Além das incertezas de um ano eleitoral, o mercado também observa com receio a possível alta das taxas de juros nos Estados Unidos, algo que poderia drenar capitais para o país.

Muitos analistas consideram que os preços das ações continuam muito abaixo de seu potencial, depois de dois anos de quedas, o que sempre é um atrativo para formar boas carteiras.

André Perfeito, da Gradual Investimentos, se diz otimista sobre o novo ano, graças à tendência positiva dos mercados mundiais "e por motivos domésticos, como o caso da Petrobras, com uma nova administração, uma coisa muito positiva para os investidores".

O governo elevou, neste mês, sua expectativa de crescimento do PIB brasileiro a 1,1% neste ano e a 3% em 2018, após dois anos de retração (-3,5% em 2015 e 2016).