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Trump vende EUA para Davos, mas não consegue evitar polêmicas

26/01/2018 13h49

Davos, Suíça, 26 Jan 2018 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos Donald Trump vendeu para a elite mundial em Davos, nesta sexta-feira (26), um país com economia florescente, após um "grande ano" sob sua presidência, mas não conseguiu escapar das polêmicas por críticas à imprensa e pelas supostas conexões com a Rússia.

"A 'America First' ('os EUA primeiro') não quer dizer a América sozinha", disse ele a uma audiência seleta de empresários e líderes políticos, em um discurso de cerca de 15 minutos, no qual prometeu cooperação e amizade ao resto do mundo.

"Tivemos um grande primeiro ano, bem-sucedido de muitas formas distintas", garantiu.

Trump descreveu uma economia florescente e pediu investimentos às grandes empresas presentes no Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês).

"Nunca houve um momento melhor para contratar, construir, investir e crescer nos Estados Unidos. Os Estados Unidos estão abertos para fazer negócios outra vez, e voltamos a ser competitivos", afirmou.

Respondendo a uma pergunta do fundador do WEF, Klaus Schwab, após seu discurso, recebeu vaias das 1.500 pessoas presentes ao voltar a criticar a imprensa.

"Até me tornar um político, não percebia quão cruel, ruim e falsa a imprensa podia ser", disse Trump, de 71 anos.

Poucas horas antes de seu discurso, o jornal "The New York Times" revelou que, no ano passado, Trump exigiu a demissão do procurador especial Robert Mueller, que investiga a suspeita de influência russa em sua campanha eleitoral. Ele teria desistido, após a ameaça de demissão de um funcionário de alto escalão.

"'Fake news', 'fake news'. Típico do New York Times", declarou ele à imprensa na chegada ao centro de convenções da estação de esqui suíça.

No discurso, Trump ainda fez referência à coalizão liderada pelos Estados Unidos na Síria e no Iraque, garantindo que conseguiu expulsar quase todos os extremistas do Estado Islâmico (EI) desses territórios.

- 'Saudações afetuosas' à África -De manhã, Trump se reuniu com Paul Kagame, presidente da União Africana e de Ruanda, e pediu que ele transmitisse suas "saudações afetuosas" aos líderes africanos. Recentemente, o magnata nova-iorquino se viu envolvido em mais uma polêmica, porque teria chamado nações desse continente, assim como Haiti e El Salvador, de "países de merda".

"Não poderei ir ao discurso, tenho que trabalhar", disse a ruandesa Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam, que, como outros líderes e empresários africanos, pediu um boicote à sua fala.

A passagem de Trump por Davos foi marcada por contatos com grandes multinacionais e por duas reuniões com os primeiros-ministros da Grã-Bretanha e de Israel, aliados tradicionais.

Após meses de relações tensas com Londres, Trump pediu desculpas nesta sexta-feira por ter retuitado vídeos antimuçulmanos de um grupo britânico de extrema-direita - situação que provocou tensão com o Reino Unido.

Durante seu encontro com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, Trump assegurou que vai bloquear ajudas financeiras aos palestinos, porque eles "faltaram com o respeito" com os Estados Unidos.

A edição deste ano foi marcada pela presença de Trump, cujas posições protecionistas se opõem ao tom pró-globalização e a favor do livre-comércio da maioria dos participantes.

As tensões em Davos começaram antes mesmo da chegada de Trump, quando seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que não estava preocupado com a fraqueza do dólar. Isso levou a moeda americana a despencar a níveis históricos.

Os suíços não foram receptivos com Trump. Um grupo de ativistas conseguiu exibir uma enorme faixa na montanha, dizendo "Trump not welcome" ("Trump não é bem-vindo").

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