Porta do Reino Unido, cidade de Dover aguarda Brexit com impaciência
Dover, Reino Unido, 28 Mar 2018 (AFP) - No porto britânico de Dover, onde atracam os barcos que cruzam o canal da Mancha, muitos aguardam o Brexit com impaciência, apesar dos engarrafamentos gigantescos que um retorno ao controle nas fronteiras pode provocar.
A 35 km da costa francesa, Dover recebe a cada dia inúmeros ferries transportando caminhões e passageiros.
A poucos metros do terminal, as boas-vindas ficam por conta de uma obra de arte urbana executada por Banksy em 2017: armado com martelo e cinzel, um homem arranca as estrelas da bandeira europeia.
Sessenta e dois por cento dos moradores de Dover votaram pela saída do Reino Unido da UE. Mas a vontade do governo britânico de deixar também a união alfandegária e o mercado único pode provocar engarrafamentos maciços devido à reimplantação dos controles.
A cada dia cruzam a cidade 10.000 caminhões, que geram intercâmbios comerciais de 140 bilhões de euros anuais.
"Até mesmo se demorar apenas dois minutos a mais para fazer passar cada caminhão, os engarrafamentos superariam os 27 km", advertiu, em setembro, o Porto de Dover.
- "Questão de integridade" -Faltando um ano para a saída oficial da UE, em 29 de março de 2019, ainda não foi encontrada uma solução para evitar o caos. O período de transição, que Londres e Bruxelas fixaram até 31 de dezembro de 2020, só retarda o problema.
Apesar dessa dificuldade, muitos moradores de Dover esperam o Brexit com otimismo.
"Haverá engarrafamentos durante um tempo, mas vão acabar encontrando uma solução", diz o sexagenário Micheal O'Leary, enquanto descarrega uma caminhonete em frente à sua casa.
Sentada no banco de um jardim da cidade, Sofia Cairns considera que estas mudanças, embora complicadas, são necessárias para "construir bases sólidas" para o futuro.
"Foi uma boa coisa votar pelo Brexit, era uma questão de integridade para o país", diz esta sexagenária que chegou da Polônia, onde nasceu, há 37 anos.
- "Um grande momento" -As fronteiras desapareceram no âmbito da União Europeia há mais de 25 anos.
Derek Leach, de 79 anos, oficial de alfândega aposentado, lembra o dia do nascimento do mercado único europeu, em 1º de janeiro de 1993.
"No desembarque do primeiro ferry, após a meia-noite, os motoristas dos caminhões trajavam smoking, os veículos tinham grinaldas de luzes, foi um grande momento", relatou à AFP.
Leach preside uma associação de preservação do patrimônio da cidade, o Dover Society Community Group, e reconhece que a proximidade do Brexit o deixa nervoso.
Contra o risco de engarrafamentos, ele sugere que sejam criados pontos de controle alfandegários mais distantes, terra adentro, para aliviar a pressão em volta do porto.
Enquanto isso, John Angell, de 62 anos, presidente de uma associação de empresários locais, o Dover Town Team, se preocupa com as negociações que não avançam tão rápido quanto gostaria.
"Do ponto de vista empresarial, sempre preferimos poder planejar", lamenta, atrás do mostruário de sua joalheria e relojoaria. "Mas agora há incertezas enormes, não sabemos o que vai acontecer".
rsc-apz/fb/acc.zm/mvv/mr
DOVER
A 35 km da costa francesa, Dover recebe a cada dia inúmeros ferries transportando caminhões e passageiros.
A poucos metros do terminal, as boas-vindas ficam por conta de uma obra de arte urbana executada por Banksy em 2017: armado com martelo e cinzel, um homem arranca as estrelas da bandeira europeia.
Sessenta e dois por cento dos moradores de Dover votaram pela saída do Reino Unido da UE. Mas a vontade do governo britânico de deixar também a união alfandegária e o mercado único pode provocar engarrafamentos maciços devido à reimplantação dos controles.
A cada dia cruzam a cidade 10.000 caminhões, que geram intercâmbios comerciais de 140 bilhões de euros anuais.
"Até mesmo se demorar apenas dois minutos a mais para fazer passar cada caminhão, os engarrafamentos superariam os 27 km", advertiu, em setembro, o Porto de Dover.
- "Questão de integridade" -Faltando um ano para a saída oficial da UE, em 29 de março de 2019, ainda não foi encontrada uma solução para evitar o caos. O período de transição, que Londres e Bruxelas fixaram até 31 de dezembro de 2020, só retarda o problema.
Apesar dessa dificuldade, muitos moradores de Dover esperam o Brexit com otimismo.
"Haverá engarrafamentos durante um tempo, mas vão acabar encontrando uma solução", diz o sexagenário Micheal O'Leary, enquanto descarrega uma caminhonete em frente à sua casa.
Sentada no banco de um jardim da cidade, Sofia Cairns considera que estas mudanças, embora complicadas, são necessárias para "construir bases sólidas" para o futuro.
"Foi uma boa coisa votar pelo Brexit, era uma questão de integridade para o país", diz esta sexagenária que chegou da Polônia, onde nasceu, há 37 anos.
- "Um grande momento" -As fronteiras desapareceram no âmbito da União Europeia há mais de 25 anos.
Derek Leach, de 79 anos, oficial de alfândega aposentado, lembra o dia do nascimento do mercado único europeu, em 1º de janeiro de 1993.
"No desembarque do primeiro ferry, após a meia-noite, os motoristas dos caminhões trajavam smoking, os veículos tinham grinaldas de luzes, foi um grande momento", relatou à AFP.
Leach preside uma associação de preservação do patrimônio da cidade, o Dover Society Community Group, e reconhece que a proximidade do Brexit o deixa nervoso.
Contra o risco de engarrafamentos, ele sugere que sejam criados pontos de controle alfandegários mais distantes, terra adentro, para aliviar a pressão em volta do porto.
Enquanto isso, John Angell, de 62 anos, presidente de uma associação de empresários locais, o Dover Town Team, se preocupa com as negociações que não avançam tão rápido quanto gostaria.
"Do ponto de vista empresarial, sempre preferimos poder planejar", lamenta, atrás do mostruário de sua joalheria e relojoaria. "Mas agora há incertezas enormes, não sabemos o que vai acontecer".
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