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Boeing assumirá controle das atividades civis da Embraer

05/07/2018 18h08

Washington, 5 Jul 2018 (AFP) - A americana Boeing vai assumir o controle das atividades civis da brasileira Embraer, com a formação de uma joint venture avaliada em 4,75 bilhões de dólares, que vai lhe permitir concorrer com a europeia Airbus no setor de aeronaves regionais.

Os mercados, que tinham celebrado com fortes altas a perspectiva de um acordo nos últimos meses, receberam o anúncio com péssimo humor, e as ações da Embraer caíam cerca de 15% nesta tarde na Bovespa.

O novo grupo, de capital fechado, será controlado em 80% pela Boeing, e os 20% restantes ficarão com a Embraer.

O grupo americano vai gerenciar as "atividades da Embraer no setor da aviação comercial e de serviços", indica um comunicado conjunto dos novos sócios.

O acordo final será submetido à aprovação do governo brasileiro - que dispõe de uma "golden share", a qual dá poder de veto a Brasília em questões estratégicas da Embraer.

As duas empresas "vão se posicionar para oferecer um portfólio completo de aviões comerciais altamente complementar (de 70 a mais de 450 assentos)", segundo o comunicado conjunto divulgado.

A transação, que acontece depois de inúmeras especulações, vai permitir à Boeing completar seu portfólio com aparelhos com uma capacidade de até 150 assentos.

O protocolo de acordo foi anunciado nesta quinta-feira (5), poucos dias depois de a Airbus selar uma aliança com a canadense Bombardier para fabricar aviões de médio alcance C Series, concorrentes da Embraer.

A sede da empresa ficará nas instalações da Embraer em São José dos Campos, São Paulo, mas "o controle operacional e de gestão da nova empresa" estará sob supervisão direta do CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, afirma o texto.

A expectativa é que a associação seja concluída entre 12 a 18 meses e contabilizada a partir do começo de 2020 no capital da Boeing.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos manifestou sua "apreensão" por um projeto que "ameaça a soberania nacional e o futuro da Embraer no Brasil" e defendeu que a Presidência vete o acordo.

Já a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) considerou que o acordo "é uma oportunidade para o fortalecimento da cadeia de fornecedores, posicionando as nossas empresas de forma mais competitiva no mercado global".

As ações da Embraer tinham subido mais de 60% desde dezembro, quando se anunciaram as negociações, mas despencaram nesta quinta-feira depois do anúncio.

De acordo com Jason Vieira, da consultoria Infinity Assets, esse recuo pode ser motivado por uma realização de lucros, mas também por uma avaliação um pouco pior que o esperado da nova aliança.

Em Nova York, as ações da Boeing operavam estáveis (-0,18%).

- Promoção do avião militar KC-390 -A área de defesa e de aviação executiva da Embraer não fará parte do novo grupo.

Mas as duas empresas criarão uma segunda estrutura conjunta "para promover produtos e serviços de defesa, em especial o avião multimissão KC-390" da Embraer, indica o documento.

O acordo permite à Boeing se posicionar frente a seu grande concorrente, a europeia Airbus, que recentemente se aliou à canadense Bombardier, competidora direta da Embraer, na batalha pela conquista dos céus em um momento em que surgem novos atores nesse mercado.

A Embraer é a terceira fabricante aeronáutica mundial, com um volume de negócios de 6 bilhões de dólares e 16.000 empregados.

Privatizada em 1994, é uma das joias da indústria brasileira, com uma gama de aviões civis, militares e também jatos executivos.

A Boeing, gigante aeroespacial dos Estados Unidos, reportou lucros de 2,5 bilhões de dólares no primeiro trimestre do ano, 56,9% a mais do que no mesmo período de 2017. A receita subiu 6,5%, a 23,4 bilhões, no período.