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FMI prevê inflação de 1.000.000% para Venezuela até o fim do ano

23/07/2018 18h51

Washington, 23 Jul 2018 (AFP) - Em meio à crise financeira e humanitária na Venezuela, o país deve ter uma hiperinflação de proporções épicas até o final de 2018: 1.000.0000%, informou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira (23).

O colapso econômico do país se espalhará cada vez mais para os países vizinhos, alertou o FMI em sua perspectiva regional atualizada para a América Latina.

"Estamos projetando um aumento na inflação para 1.000.000% até o final de 2018 para sinalizar que a situação na Venezuela é semelhante à da Alemanha em 1923 ou do Zimbábue no final dos anos 2000", disse Alejandro Werner, chefe do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.

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No entanto, essa estimativa "tem um grau muito maior de incerteza" do que a maioria das previsões de inflação, ressaltou Werner a jornalistas. Ainda assim, se a taxa for de 1.200.000% ou de 800.000% "a destruição dos preços como o mecanismo de alocação de recursos já aconteceu".

A economia da Venezuela deverá sofrer uma contração de 18% este ano, o terceiro consecutivo de declínios de dois dígitos, informou Werner em comunicado.

Isso significa que o país que já está vendo fluxos de cidadãos fugindo da crise, enquanto os que ficam sofrem cada vez mais de doenças, falta de medicamentos e perda de peso por falta de alimentos, terá sofrido uma contração econômica 50% nos últimos anos.

Arrastando a América Latina

O especialista do FMI apontou para as "distorções" econômicas nas políticas da Venezuela, "incluindo a impressão de dinheiro para financiar o governo".

"A expectativa é de que o governo continuará com amplos déficits fiscais financiados inteiramente por uma expansão da base monetária, o que continuará a alimentar uma aceleração da inflação, à medida que a demanda por moeda continuará a colapsar", diz o comunicado.

Dados da Opep mostram que a produção de petróleo da Venezuela caiu ao nível mais baixo em 30 anos, a 1,5 milhão de barris por dia em junho, apesar de o país ter as maiores reservas de petróleo do mundo.

A nação sul-americana tira 96% de sua receita da venda de petróleo, mas no governo do presidente populista Nicolas Maduro, a falta de divisas provocou paralisia econômica, o que contribui para a grave escassez vivida no país.

O colapso da Venezuela reduz o crescimento da América Latina e do Caribe para 1,6% neste ano, quatro décimos abaixo da previsão anunciada pelo FMI em maio.

Excluindo a Venezuela, no entanto, a região "continua se recuperando" pela retomada do consumo, com um crescimento de 2,3% neste ano e de 2,8% em 2019.

A Argentina, que acaba de assinar um acordo de empréstimo com o FMI, deve ver seu crescimento econômico desacelerar para 0,4% este ano, em vez dos 2% previstos em maio. Mas o país deve ver "uma recuperação gradual em 2019 e 2020, que será apoiada pela confiança restaurada sob o programa de estabilização apoiado pelo Fundo", disse Werner.

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