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Google lança seus novos dispositivos sob a sombra de polêmicas

09/10/2018 20h13

Washington, 9 Out 2018 (AFP) - A Google lançou nesta terça-feira (9) um novo smartphone e um assistente virtual, em um evento esperado, mas foi ofuscado pelo anúncio de uma falha que a obrigou a fechar sua rede social.

Poucas horas antes de apresentar três novos produtos, a empresa que celebra seus 20 anos foi envolvida na polêmica sobre o uso da informação dos usuários da internet.

A companhia afirmou na segunda-feira que em março detectou e corrigiu uma falha de segurança que expôs dados privados de até 500.000 contas Google+.

Mas a demora para revelar o incidente provocou críticas.

O Wall Street Journal informou que os executivos da Google optaram por não notificar os usuários de antemão para evitar atrair a atenção dos reguladores e encorajar comparações com um escândalo de privacidade de dados envolvendo o Facebook e a Cambridge Analytica.

Após a divulgação dessa falha, a Google anunciou que o Google+ removeria sua versão para pessoas físicas, cujo desaparecimento entrará em vigor em agosto de 2019.

Lançada em 2011, a rede social nunca pegou realmente. Hoje em dia é muito pouco usada, embora a Google não divulgue quaisquer cifras de sua atividade.

- Consequências comerciais? -A revelação levantou preocupações em Washington sobre as práticas de privacidade dos gigantes do Vale do Silício, após uma série de passos em falso do Facebook que poderiam ter permitido o vazamento de dados de milhões de pessoas.

A Agência de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) disse à imprensa na terça-feira que pedirá ao Google mais informações sobre a falha do Google+.

Apesar dos acordos de "consentimento" com a Comissão Federal do Comércio (FTC) dos Estados Unidos, "nenhuma empresa parece ter sido particularmente castigada sobre suas práticas de privacidade", acrescentando que "é claro que o Congresso deve intervir".

"As brechas de segurança estão aumentando, mas a FTC carece de vontade política para fazer cumprir suas próprias decisões legais", considerou Marc Rotenberg, presidente do Centro de Informação de Privacidade Eletrônica. "O Congresso precisa de uma agência de proteção de dados nos Estados Unidos".

O líder de buscas na internet já havia enfrentado situações tensas com os legisladores depois que decidiu não enviar seu presidente-executivo ao Congresso para testemunhar em uma audiência sobre privacidade e proteção de dados.

No mês passado, o Google disse que enviaria o diretor executivo Sundar Pichai para depor perante o Congresso.

Google também foi alvo do presidente Donald Trump, que alegou que seus resultados de busca eram tendenciosos contra os conservadores, embora houvesse pouca evidência para apoiar essa afirmação.

Na Europa, a Google anunciou na terça-feira que vai recorrer da multa recorde de 4,34 bilhões de euros que foi infligida em julho por abuso de posição dominante de seu sistema operacional Android.

Outro evento ajudou a ofuscar a apresentação de seus novos aparelhos na terça-feira: a Google abandonou a disputa da licitação de um gigantesco contrato de armazenamento de dados online ("nuvem") do Departamento de Defesa dos Estados Unidos por um total de cerca de 10 bilhões de dólares.

"Não recebemos a garantia de que estaria de acordo com nossos princípios em relação à inteligência artificial", disse o grupo para justificar sua decisão.

Na apresentação desta terça-feira em Nova York, ninguém mencionou o assunto do Google+, embora os palestrantes insistissem na importância para o grupo de segurança de seus dispositivos.

A Google lançou a nova versão de seu smartphone, o Pixel 3, que afirma ter a melhor câmera do mercado, e incorporou muitos recursos novos graças à inteligência artificial.

"Acho que este telefone funcionará um pouco melhor que seus antecessores", disse Avi Greengart, analista da GlobalData, especialmente porque o Google agora está embutido no mundo dos smartphones, mas também porque o Pixel 3 será vendido em mais países do que os dois primeiros modelos.

Ele também introduziu uma nova versão do Google Home Hub, seu alto-falante inteligente, com uma tela sensível ao toque projetada para funcionar como um hub para dispositivos "smart" em casa, mas sem câmera, por motivos de privacidade.

O alto-falante vai concorrer com o líder do mercado, o Amazon Echo Show, graças ao seu preço "extremamente agressivo", segundo Avi Greengart, de US$ 149.

"Eu duvido que os consumidores se preocupem" com a questão do Google+ e os problemas de proteção de dados pessoais, disse Carolina Milanesi, analista da Creative Strategies.

Mas, acrescentou, "isso torna um pouco mais difícil convencer as pessoas que não adotaram o ecossistema do Google com um assistente" virtual.