Ações da Embraer sobem 2,57% após sinal verde para fusão com Boeing
São Paulo, 11 Jan 2019 (AFP) - As ações da Embraer na Bolsa de Valores de São Paulo subiram 2,57% no pregão desta sexta-feira, um dia após o anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro não se oporia à fusão da fabricante brasileira de aviões com a gigante norte-americana Boeing.
Os papéis ordinários da Embraer chegaram a subir 7,43% durante o pregão, mas acabaram cedendo parte do ganho no final do dia.
"A valorização da empresa ocorreu em função do aval do presidente Jair Bolsonaro. Seu aval é um dos últimos grandes passos, mas trata-se de um processo ainda bastante complexo, e não de uma operação já aprovada", explicou à AFP Glauco Legat, analista da Necton.
A Embraer, a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, foi privatizada em 1994, mas o governo brasileiro manteve uma "golden share" que lhe dá poder de veto sobre questões estratégicas.
O presidente Bolsonaro manifestou na semana passada temores de que o acordo, avaliado em 5,26 bilhões de dólares, prejudicaria a capacidade tecnológica do Brasil. Essas declarações causaram uma queda demais de 5% das ações do grupo.
Mas na quinta-feira, depois de se reunir com seus principais ministros e representantes das três armas, anunciou sua decisão.
"O presidente foi informado que os vários cenários foram cuidadosamente avaliados e que a proposta final preserva a soberania e os interesses nacionais. Neste contexto, o poder de veto (golden share) ao negócio não será exercido", afirma um comunicado do governo.
"Ficou claro que a soberania e os interesses da nação estão preservados, e a União não se opõe à continuidade do processo", escreveu posteriormente Bolsonaro em seu Twitter.
- Primeira aplicação -Embora o acordo tenha sido negociado sob a administração de Michel Temer, é a primeira aplicação da agenda neoliberal do ministro da Economia Paulo Guedes, com base em medidas de privatização, abertura ao capital estrangeiro e medidas de ajuste para sanear as contas e dar impulso ao fraco crescimento do país.
A Embraer e a Boeing disseram na quinta-feira em comunicado conjunto que sua aliança "posicionará ambas as companhias para acelerar o crescimento nos mercados aeroespaciais globais" e que esperam concluir o processo de fusão este ano.
O conselho de administração da Embraer deve ratificar o acordo, que então será submetido ao endosso de seus acionistas e das autoridades reguladoras do Brasil e dos Estados Unidos.
O acordo prevê que a Boeing assuma o controle das atividades civis da Embraer por 4,2 bilhões de dólares, o que permitirá controlar 80% do capital do novo grupo. Os 20% restantes permanecerão nas mãos da empresa brasileira.
Isso permitirá que a empresa norte-americana ofereça aeronaves com capacidade de até 150 assentos, um mercado no qual não compete.
O setor de aeronaves militares e aviação executiva da Embraer foram excluídos do acordo.
As duas empresas também formarão outro grupo para comercializar o cargueiro KC-390, da Embraer, no qual a empresa brasileira terá 51% do capital e a Boeing 49%.
Com um faturamento de cerca de 6 bilhões de dólares e 16.000 funcionários, a Embraer é uma das joias da indústria brasileira, com uma gama variada de aviões civis, militares e jatos empresariais.
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