City de Londres acompanha angustiada a novela do Brexit
Londres, 13 Mar 2019 (AFP) - Epicentro britânico das finanças, a City de Londres vive angustiada com a interminável novela do Brexit, principalmente depois da nova rejeição pelo Parlamento do acordo com Bruxelas, e torce para que os deputados rejeitem, nesta quarta-feira (13), uma saída abrupta e sem acordo daquilo que foi acertado com a União Europeia.
"Já é hora de o Parlamento parar com este circo", reclama Carolyn Fairbairn, presidente do sindicato patronal do país.
Depois de criticar "o fracasso dos políticos", a chefe do IWC espera agora que os legisladores "fechem a porta com urgência para um Brexit duro".
Na terça, os deputados britânicos rejeitaram claramente, pela segunda vez, o acordo costurado pela primeira-ministra Theresa May com a UE sobre as condições do divórcio.
Como consequência, nesta quarta, dirão se aceitam a ruptura sem acordo em 29 de março, uma hipótese muito temida nos meios empresariais e econômicos, que preveem uma catástrofe.
"Estamos à beira do precipício. Os políticos de todas as tendências precisam superar suas diferenças", implorou Catherine McGuinness, a principal executiva política da City, o pulmão financeiro do Reino Unido e da Europa.
Os economistas do Banco da Inglaterra alertaram para as sérias consequências do crescimento. A libra cairia, e os preços das importações disparariam, reduzindo o consumo das famílias. Além disso, complicações administrativas gerariam filas enormes nos portos mercantes.
"Um Brexit sem um acordo seria catastrófico para a indústria automotiva, acabaria com o livre-comércio com a UE, custaria bilhões em despesas adicionais e levaria a cortes de empregos", denunciou o diretor-geral da Associação Britânica de Fabricantes de Automóveis (SMMT), Mike Hawes.
- Medidas de urgência -Prova de que o governo leva a sério a hipótese de um Brexit "duro" é que publicou uma série de medidas que seriam aplicadas para amenizar suas consequências. Estas medidas incluem a redução de tarifas, que seriam aplicadas a apenas 13% dos produtos importados.
Ao contrário dos meios de negócios, os mercados reagiram com tranquilidade à rejeição parlamentar do acordo de saída, e a libra se mantinha sólida.
A Bolsa de Valores de Londres permanecia estável nesta quarta-feira, embora alguns títulos bancários, ou industriais, como a Rolls-Royce, tenham sofrido com essa incerteza.
"O mercado está confiante em que não haverá Brexit sem acordo, uma hipótese que os deputados certamente rejeitarão", disse Michael Hewson, analista da CMC Markets, à AFP.
Uma certa ansiedade antes do Brexit era visível nesta quarta-feira entre os funcionários desta empresa de serviços financeiros, constatou a AFP em seus escritórios na cidade.
Quase três anos após o referendo, esta saga interminável e indigesta já faz parte do cenário britânico.
Os grandes agentes financeiros têm muito a perder antes de deixarem a UE. Entre outras coisas, isso significa ficar sem o passaporte financeiro europeu, o que permite oferecer os serviços do Reino Unido para todo continente.
Se os deputados votarem contra um Brexit sem um acordo nesta quarta, votarão novamente na quinta-feira para pedir um adiamento, ou não, do divórcio efetivo da UE, marcado para 29 de março.
Esta situação obriga o ministro das Finanças, Philip Hammond, a ser extremamente cauteloso em sua declaração orçamentária também marcada para esta quarta-feira.
O ministro, chamado de "Phil, o contador", disse que manteria algumas reservas orçamentárias acumuladas nos últimos meses, se os deputados rejeitassem na noite de terça o acordo proposto por May, o que de fato aconteceu.
ktr-pn/jbo/ved/me/zm/cn/tt
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