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Carlos Ghosn volta a ser preso em Tóquio por novas suspeitas

04/04/2019 10h20

Tóquio, 4 Abr 2019 (AFP) - Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault-Nissan, voltou a ser detido nesta quinta-feira (quarta-feira no horário de Brasília) em sua casa em Tóquio, por novas suspeitas de sonegação financeira, apenas um mês depois de ter sido libertado sob fiança, uma prisão que chamou de "indigna e arbitrária".

Os investigadores da Procuradoria chegaram ao amanhecer a sua residência, em frente à qual instalaram uma cortina cinza, segundo imagens transmitidas pela televisão.

Menos de uma hora depois, uma automóvel deixou o local com Ghosn, segundo imagens da emissora Nippon TV.

"Vai contra o espírito da lei ou do que prevê a lei, algo que não deve acontecer em um país civilizado", declarou à imprensa o advogado de Ghosn, Junichiro Hinoraka, que anunciou que utilizaria todos os recursos possíveis para obter sua liberdade.

"Não entendemos por que precisam mantê-lo preso [...] É extremadamente injusto", acrescentou.

Hinoraka, visivelmente contrariado, denunciou o confisco do celular sem acesso à internet de Ghosn e do smartphone de sua esposa, que também teve seu passaporte confiscado.

Ghosn foi preso devido à existência de um "risco de destruição de provas", declarou o procurador adjunto Shin Kukimoto.

Alertado na quarta por informações da imprensa, Ghosn, de 65 anos, se havia preparado para tal eventualidade. "Gravou um vídeo resumindo o seu ponto de vista, que prevemos difundir", anunciou Hironaka.

A prisão ocorre apenas um mês depois de o ex-presidente do grupo Renault-Nissan ter sido libertado sob fiança após mais de 100 dias na prisão e um dia depois de ter anunciado no Twitter uma coletiva de imprensa para 11 de abril.

Em um comunicado divulgado por seus advogados após ser detido, Ghosn disse que a nova prisão é "ultrajante e arbitrária".

"Por que me prender se não estou obstruindo nada no processo em curso? Sou inocente de todas as acusações infundadas feitas contra mim. Não vou me curvar", disse o executivo, acusando as autoridades da Nissan de tentar silenciá-lo.

Em declaração à AFP, o ex-magnata questionou o "por que estão me prendendo se não estou atrapalhando nada?"

"Sou inocente de todas as acusações infundadas apresentadas contra mim", ressaltou.

A rede NHK, o site do jornal Nikkei e outras emissoras de TV deram a informação da prisão quase em tempo real.

Os investigadores chegaram ao local pouco antes das 6H00 locais (18h de quarta-feira, hora de Brasília) e uma hora depois um carro deixou o local.

Pouco depois, um jornalista da AFP no local viu três homens vestindo ternos escuros montando guarda em frente à saída do prédio, e um policial patrulhando.

No entanto, as autoridades não deram qualquer informação.

Ghosn foi posto em liberdade sob fiança em 6 de março, acusado de três acusações por ter dado declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira e por quebra de confiança.

Agora, é suspeito de ter usado a reserva do presidente executivo da Nissan para realizar transferências de dinheiro a um distribuidor de veículos da Nissan em Omã. Segundo uma fonte próxima ao caso, parte deste dinheiro teria sido usado para comprar um barco de luxo para Ghosn e sua família.

A novela envolvendo Ghosn começou em 19 de novembro, com a prisão do então poderoso presidente da aliança automobilística Renault-Nissan-Mitsubishi Motors.

Ghosn, 65 anos, anunciou nesta quarta-feira no Twitter que pretendia conceder uma entrevista coletiva no dia 11 de abril.

"Estou preparado para dizer a verdade sobre o que está ocorrendo. Coletiva na quinta-feira, 11 de abril", informava a breve mensagem na conta do executivo.

O empresário, acusado de apresentar declarações de renda falsas às autoridades da Bolsa de Valores e de abuso de confiança em detrimento da Nissan, onde teve início a investigação, se declara inocente e afirma que foi vítima de um "complô" da montadora japonesa para provocar o fracasso de seu projeto de aproximação com a Renault.

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