Forças de comandante rebelde recuam na Líbia
Trípoli, 5 Abr 2019 (AFP) - As forças pró-governo na Líbia repeliram, nesta sexta-feira, os combatentes do marechal Khalifa Haftar, engajados em uma ofensiva para tomar a capital Trípoli, uma batalha que pode mergulhar o país em um novo conflito.
Diante do risco de escalada, o Conselho de Segurança da ONU deve se reunir, em caráter de urgência, às 19h00 GMT (16h00 de Brasília), a pedido do Reino Unido, para discutir a situação neste Estado petrolífero da África do Norte.
O chefe da ONU, Antonio Guterres, encontrou o primeiro-ministro líbio Fayez al-Sarraj na quinta-feira em Trípoli e deve se reunir nesta sexta-feira com o seu rival, o marechal Haftar, no leste do país.
A Líbia enfrenta um cenário de caos desde a queda do regime de Muamar Khadafi em 2011, com duas autoridades que disputam o poder há vários anos.
A região oeste está sob controle do Governo de União Nacional (GNA), com sede em Trípoli e dirigido por Fayez al Saraj. Foi instaurado em 2015 após um acordo com a ONU e é reconhecido pela comunidade internacional.
O leste do país está sob poder do Exército Nacional Líbio (ENL) autoproclamado pelo marechal Khalifa Haftar.
Na quinta-feira, as forças pró-Haftar iniciaram uma ofensiva para tomar a capital.
Um comboio armado do marechal assumiu posições a 27 km de Trípoli, depois de tomar o controle de um posto na entrada oeste da capital da Líbia.
Mas nesta sexta-feira uma milícia rival da cidade de Zawiya, que fica 20 km ao leste do posto de controle recuperou o posto de controle após um confronto, informou uma fonte das forças de segurança.
Dezenas de combatentes do ENL foram feitos prisioneiros e a milícia apreendeu veículos, de acordo com a mesma fonte.
A força de proteção de Trípoli, uma coalizão de milícias da capital do país, afirma que participou na operação para recuperar o posto de controle após o anúncio de uma contraofensiva para deter o avanço do ENL.
Dezenas de combatentes do marechal rebelde foram feitos prisioneiros e seus veículos apreendidos. Fotos desses "prisioneiros" sentados no chão em um local desconhecido circulam nas redes sociais.
Segundo um jornalista da AFP no local, Sarraj, acompanhado de comandantes da região, foi até o posto recuperado por suas forças. Ele conversou brevemente com os homens armados na barreira, antes de retornar à capital.
Na quinta-feira, Khalifa Haftar ordenou o avanço de suas tropas para Trípoli. "Chegou a hora", disse o marechal em mensagem de áudio na página do Facebook.
O ANL deve "limpar o oeste" da Líbia, inclusive a capital Trípoli, de "terroristas e mercenários", havia anunciado o marechal rebelde na véspera.
A força de proteção de Trípoli anunciou imediatamente uma contra-ofensiva para parar o avanço dos adversários. Batizou a operação de "Uadi Dum 2", em referência à derrota em 1987 do marechal Haftar, então oficial do regime de Muammar Kadhafi, na região de Uadi Dum, na fronteira com o Chade.
Além disso, poderosos grupos armados da cidade de Misrata (oeste), leais ao GNA, se disseram "prontos para frear o avanço maldito" dos pró-Haftar.
Temendo que a situação saia do controle, o Kremlin alertou "para o risco de um novo banho de sangue", e pediu uma "solução pacífica e política" para o conflito.
Mais cedo, Estados Unidos, França, Reino Unido e Emirados Árabes haviam pedido a todas as partes envolvidas na Líbia uma desescalada das tensões.
"Neste momento delicado da transição na Líbia, a postura militar e as ameaças de ações unilaterais só fazem aumentar o risco de que a Líbia volte a mergulhar no caos", indicaram os governos destes países em um comunicado difundido pelo Departamento de Estado em Washington.
A nova escalada ocorre antes de uma Conferência Nacional patrocinada pela ONU e prevista para meados de abril em Ghadamès (sudoeste líbio), a fim de estabelecer um roteiro para a realização de eleições e, assim, tentar acabar com o impasse.
Os esforços diplomáticos dos últimos anos não permitiram um avanço real em vista de uma solução política para o país.
nd-rb-ila/tp/mr
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