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Greve afeta transportes no dia da abertura da Copa América

14/06/2019 16h52

Brasília, 14 Jun 2019 (AFP) - Interrupções parciais nos transportes públicos, vias fechadas e protestos marcaram nesta sexta-feira (14) o início da greve contra a reforma da Previdência, a poucas horas do jogo de abertura da Copa América, a ser disputado em São Paulo.

Comunicados enviados por sindicatos apontam paralisações nos setores petroleiro e bancário, além dos serviços de correios de vários estados. O movimento também ganhou a adesão de estudantes e professores que realizaram no mês passado duas grandes manifestações contra o corte de verba para as instituições federais de ensino.

De acordo com o primeiro balanço das centrais sindicais divulgado ao meio-dia, 45 milhões de trabalhadores aderiram à greve em 300 cidades de quase todos os estados. O portal G1 informou que foram registrados protestos em 84 cidades de 21 estados até as 10H.

Em São Paulo, onde a Seleção Brasileira encara a Bolívia no Morumbi, na primeira partida da Copa América, uma linha de metrô foi completamente paralisada e outras três funcionavam parcialmente, segundo dados da companhia pública de transporte. Apenas as linhas 4, que leva ao Morumbi, e a 5, ambas de gestão privada, funcionavam normalmente.

Os ônibus urbanos operavam com toda a frota, de acordo com a prefeitura da capital paulista, assim como os trens. Apesar da aparente normalidade no serviço foram registradas aglomerações nas estações e atrasos que afetaram a população da maior cidade da América do Sul.

"Ou para tudo, ou não para nada. Parar apenas a metade é uma palhaçada. Quem sai prejudicado somos nós, os trabalhadores", se queixou à AFPTV a usuária Vanilda Souza Vieira.

Em outras capitais, como Salvador, apenas o metrô funcionou, enquanto em Brasília, Porto Alegre e Recife a interrupção era parcial. Em Belo Horizonte, o metrô permanecia fechado, de acordo com a imprensa local.

Também pela manhã manifestantes fizeram bloqueios em vias de várias cidades, como no Rio de Janeiro, onde a polícia chegou a usar bombas de lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar os protestos, ainda segundo o G1.

Para a tarde, os sindicatos convocaram passeatas nas principais cidades do país.

- Altas expectativas -Os sindicatos mantiveram a convocação da greve para esta sexta-feira contra a reforma da previdência proposta pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, apesar do projeto apresentado na véspera no Congresso contar com mudanças nos pontos mais controversos.

Essas mudanças "não mudam nada", disse à AFP através de sua assessoria de imprensa o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.

"A CUT não concorda com a narrativa de que as aposentadorias sejam o principal problema econômico do Brasil. O problema do Brasil é que não há um projeto de política econômica".

No início da manhã desta sexta, Freitas considerou que a greve tinha começado com sucesso, em declarações à rádio da CUT.

- Promessa de campanha -A reforma da previdência é uma promessa de campanha com a qual Bolsonaro ganhou o apoio do setor empresarial durante a corrida à presidência. O ministro da Economia, Paulo Guedes, a define como a chave mestra para reduzir o déficit público.

O projeto inicial contemplava uma economia de cerca de 1,2 bilhão de reais em 10 anos.

Mas as medidas para atingir essa meta são impopulares e geram resistência entre os legisladores, e a sua aprovação depende de maioria de três quintos no Congresso.

Para reduzir a resistência, o relator do projeto retirou alguns de seus pontos mais polêmicos, como o que previa transformar o regime atual, de divisão, em aposentadoria por capitalização individual.

Também ficou fora do projeto medidas que afetavam as pensões e os benefícios dos trabalhadores rurais.

Com esses ajustes, a economia passaria para cerca de 900 milhões de reais.

Para a oposição, essas modificações foram resultado da pressão social.

"Conseguimos proteger os beneficiários do BPC, proteger os trabalhadores rurais. É uma grande vitória da oposição contra a capitalização das aposentadorias", declarou o deputado federal Alessandro Molon, do PSB-RJ.