BCE e Trump discutem por possível queda nos juros e na taxa de câmbio
Frankfurt am Main, 18 Jun 2019 (AFP) - O presidente do Banco Central Europeu (BCE) rejeitou nesta terça-feira (18) as acusações do presidente americano, Donald Trump, de manipular as taxas de câmbio a favor da zona do euro, depois de indicar que poderá baixar novamente a taxa de juros para estimular sua economia.
"Nosso mandato é a estabilidade dos preços (...) e não temos objetivo de taxa de câmbio", explicou Mario Draghi durante um seminário do BCE em Portugal, em reação às críticas do presidente americano.
Pela manhã, Draghi indicou a disposição da entidade a baixar sua taxa de juros depois de três anos de estagnação.
Embora a possibilidade já tivesse sido mencionada no começo de junho, suas declarações foram consideradas por Trump uma manobra para fazer baixar a taxa de câmbio do euro em relação ao dólar e impulsionar as exportações europeias.
"Mario Draghi acaba de anunciar que pode haver mais estímulos, o que imediatamente fez o euro cair em relação ao dólar, tornando injustamente mais fácil para eles competir com os Estados Unidos", denunciou Trump no Twitter.
Os europeus "fazem isso impunemente há anos, como China e outros", acrescentou Trump, acusando mais uma vez seus parceiros internacionais de manipular suas taxas de câmbio.
Os mercados europeus reagiram com fortes altas de até 2,20% no caso de Paris e de 2,03% em Frankfurt. O euro teve queda de 0,30% em relação ao dólar, fechado a US$ 1,12.
Draghi, que deixará o cargo em outubro, falou em "medidas de reativação suplementares", que "serão necessárias" caso a inflação continue se afastando de um nível ligeiramente inferior a 2%, o objetivo do BCE.
"As novas reduções de taxas de juros e as medidas de atenuação para limitar os efeitos secundários continuam fazendo parte de nossas ferramentas", disse o banqueiro italiano no seminário anual do BCE celebrado em Sintra (Portugal).
As taxas de juros do BCE se mantêm em níveis historicamente baixos desde março de 2016.
- Guinada -"É a indicação mais clara, até o momento, de que o Banco Central vai reduzir a taxa de juros e relançar seu programa de compra de ativos nos próximos meses", estima Andrew Kenningham, de Capital Economics.
Para Frederik Ducrozet, analista na Pictet Wealth Management, "a abertura de Draghi à queda dos juros" também está vinculada a possíveis movimentos cambiais provocados pela política monetária dos Estados Unidos.
O Federal Reserve (Fed) se reúne na quarta-feira e os investidores esperam "indicações de que um corte dos juros já se encontra a caminho ou quase", segundo Tangi Le Liboux, da Aurel BGC.
Essas especulações marcam uma guinada das expectativas de um lado e outro do Atlântico; até esses últimos meses, a principal pergunta era saber quando e em que ponto os dois bancos centrais vão subir os juros.
A deterioração da conjuntura mundial, combinado com as tensões mundiais entre Estados Unidos, China e União Europeia (UE) levaram os bancos centrais a suavizar seus discursos.
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