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Exército dos EUA faz acusações específicas ao Irã por cargueiros no Golfo

19/06/2019 15h03

Fuyaira, Emiratos Árabes Unidos, 19 Jun 2019 (AFP) - O exército americano fez nessa quarta-feira (19) nos Emirados Árabes Unidos acusações mais específicas contra o Irã pelo ataque ao navio-tanque japonês "Kokuka Courageous", assegurando que encontrou indícios materiais e impressões digitais que demostrariam o envolvimento de Teerã.

A embarcação foi danificada em 13 de junho no mar de Omã por uma mina magnética "parecida com as utilizadas por Irã", assegurou o comandante da Marinha americana, Sean Kido.

Seus especialistas recuperaram impressões digitais das mãos das pessoas que colocaram essas minas, acrescentou em uma coletiva de imprensa organizada pela Marinha americana em Fuyaira, o porto dos Emirados Árabes Unidos onde tem uma base naval e onde está ancorado o "Kokuka Courageous".

"A mina magnética é reconhecível e se parece em todos os aspectos às minas iranianas visíveis nos desfiles militares" neste país, afirmou o comandante Kido, que dirige o Task Group 56.1, especializado em explosivos marinhos no Comando Central das Forças Navais dos Estados Unidos (NAVCENT, na sigla em inglês).

O "NAVCENT estima que o ataque contra o 'Kokuka Courageous' e os danos que sofreu resultam do emprego de uma mina magnética localizada no casco", afirmou. "Nossa equipe chegou ao local rapidamente e pôde examinar onde a mina magnética foi colocava e onde causou danos", acrescentou.

"Esses danos correspondem àqueles causados por uma mina magnética. Esses (danos) não correspondem àqueles que poderiam causar um artefato voador", informou o funcionário.

A tripulação do cargueiro japonês disse a seu armador, que transmitiu as informações à imprensa no Japão, que havia visto um artefacto voador no identificado que havia feito uma primeira tentativa de atacar o navio, antes de retornar três horas depois e atingi-lo, causando um buraco no casco e um incêndio.

"A investigação continua sobre os ataques aos navios 'Kokuka Courageous' e 'Front Altair', e temos recuperado pistas biométricas, incluindo impressões digitais, que poderão ser usadas em uma investigação criminal", afirmou o comandante Kido.

"A equipe recuperou os fragmentos causados pela detonação da mina magnética, composta de alumínio e materiais compostos", continuou o comandante Kido.

"Também conseguiu recuperar um imã e uma impressão de outra mina", que não explodiu e que foi recuperada, segundo Washington, por soldados iranianos a bordo de uma embarcação, filmados de longe por um helicóptero americano.

"Os buracos no casco onde foi colocada a mina, que não explodiu, também são visíveis", acrescentou. "A mina foi colocada por cima da linha de flutuação, e parece que a intenção não foi afundar o barco".

- Buraco no aço -À margem da coletiva, o exército dos Estados Unidos exibiu fragmentos de explosivos encontrados a bordo da embarcação, e depois permitiu que os cinegrafistas recorressem ao "Kokuka Courageous" em uma de suas lanchas rápidas para filmar o impacto no casco.

O buraco no aço, de forma retangular, é claramente visível, justo acima da água, com rastros de manipulação e a chapa do buraco visivelmente dobradas para dentro.

Escoltado por um rebocador, o barco está cercado por uma barrera laranja flutuante para detectar qualquer fuga.

A tripulação japonesa estava a bordo del barco, ancorado a 14 km de la costa de Fuyaira, pero no ha podido ser interrogada.

No Irã, o ministro da Defesa iraniana, o general Amir Hatami, rejeitou "categoricamente" essas acusações.

"As acusações formuladas contra as forças armadas iranianas e a filmagem publicada com o respeito ao incidente (...) não têm substância, e rechaçamos categoricamente essas acusações", declarou o general Hatami, citado pela agência oficial iraniana Irna.

Em uma reunião de governo, o presidente iraniano Hassan Rohani disse, segundo a Irna: "Nossas estreitas relações com a Ásia, com o Japão e com a China levaram alguns a atacar aos dois petroleiros no mesmo dia em que o primeiro-ministro japonês era nosso hóspede". O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, se encontrava em Teerã em 13 de junho.

As tensões entre a República Islâmica e os Estados Unidos aumentaram desde que o governo de Donald Trump se retirou unilateralmente, em maio de 2018, do acordo nuclear internacional iraniano alcançado em 2015 e reimpôs fortes sanções econômicas.

O chefe da diplomacia alemã Heiko Maas advertiu nesta quarta-feira em Paris contra um "risco de guerra" após considerar como "grave a situação" no Golfo, e seu par francês pediu o diálogo de todas as partes.