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Indústria automotiva alemã tenta se recuperar no Salão de Frankfurt

09/09/2019 13h14

Frankfurt am Main, 9 Set 2019 (AFP) - Abandonado por alguns fabricantes e criticado por ambientalistas, o Salão de Frankfurt abre suas portas à imprensa nesta terça-feira (10), a fim de exibir uma vitrine do setor alemão - atualmente debilitado, mas em busca de se renovar com as versões elétricas.

O marcante evento, que exibe o poderio desta indústria alemã, será celebrado de 12 a 22 de setembro, em meio a uma crise.

As gigantes japonesas Toyota e Nissan, as americanas General Motors e Fiat-Chrysler e as francesas Renault, Peugeot e Citroën estarão ausentes.

Tampouco participam a americana Tesla, nem grandes grupos de luxo, como Bentley, Ferrari, Maserati e Rolls-Royce.

"Nunca houve tantos cancelamentos. Já não é uma exposição internacional, é um salão nacional", lamenta Ferdinand Dudenhöffer, diretor do Center Automotive Research (CAR), sediado na Alemanha.

Segundo ele, as dificuldades refletem a imagem de uma "indústria automotiva alemã em sofrimento, que padeceu do dieselgate (escândalo dos motores manipulados da VW) e, depois, da transição elétrica fracassada".

Em seu conjunto, o setor automotivo vive um período de turbulências: revoluções tecnológicas que requerem investimentos bilionários, guerras comerciais, ameaça de um Brexit duro e a entrada em vigor de limites das emissões de CO2 na Europa a partir do ano que vem, que obrigam fabricantes a produzirem veículos elétricos.

- Conjuntura piorou -Tudo isso ocorre em uma conjuntura pior, com um recuo de 5% do mercado mundial automotivo no primeiro semestre, destaca o especialista Eric Kirstetter, que chama atenção para a forte queda do setor na China e, em menor escala, na Europa.

Neste contexto, o Salão de Frankfurt vai tentar trazer à tona o aspecto positivo, valorizando os novos modelos elétrico e híbridos (gasolina e elétrico).

O novo sedã 100% elétrico ID.3 da Volkswagen e o Porsche Taycan, esportivo elétrico que promete ir de 0 a 100 km/h em menos de três segundos, podem ser as estrelas do salão, que recebeu 800 mil visitantes em 2017.

O mercado dos carros apenas elétricos, beneficiado pelos poderes públicos na China e na Europa, duplica-se a cada ano no mundo - embora continue sendo marginal e claramente dominado pela Tesla. Na Europa, as vendas representam apenas 2% do mercado.

Os alemães estão atrasados neste setor promissor. A BMW, por exemplo, não teve o sucesso esperado com seu veículo urbano i3, e precisa de um grande sedã equivalente ao da Tesla em seu catálogo.

Mercedes e Audi acabaram de se lançar neste mercado.

Já a Volkswagen - que quer restaurar sua imagem após o dieselgate - prometeu investir 30 bilhões em versões elétricas, uma aposta industrial arriscada, se não houver uma demanda à altura.

- Hostilidade -O dieselgate continua à espreita, porém. Três semanas depois do salão, a Alemanha inicia um enorme julgamento, em que 400 mil clientes exigirão o reembolso do valor de seus veículos.

Esses clientes se consideram vítimas da manipulação dos motores, admitida pelo próprio grupo, que pretendia fazê-los parecer menos poluentes.

Desde este escândalo, a hostilidade dos ambientalistas contra o setor do automóvel cresceu. Entre 15 mil e 20 mil manifestantes, segundo a polícia, devem ir no sábado ao parque de exposições de Frankfurt para exigir uma "revolução dos transportes". E centenas de militantes tentarão bloquear o salão no domingo.

Na Alemanha, o setor automotivo e seus milhares de empregos parecem cada vez menos intocáveis. Políticos e empresários sofrem pressão para tomar ação contra as mudanças climáticas.

ys-aro/cfe/alb/roc/me/mis/ll/tt

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