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BC corta taxa de 5,5% para 5%, um novo mínimo histórico

30/10/2019 19h06

Brasília, 30 Out 2019 (AFP) - O Banco Central do Brasil (BCB) fez o terceiro corte consecutivo, nesta quarta-feira (30), de sua taxa básica, que passou de 5,5% para 5%. A instituição abriu caminho para um corte suplementar de mesma magnitude, para tentar estimular a economia.

O corte, adotado por unanimidade dos nove membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BCB, converge com as expectativas da maioria dos analistas e do mercado.

O Copom destacou em comunicado que, para adotar sua decisão, considerou a desaceleração da economia global e o avanço das reformas pró-mercado no Brasil, indispensáveis a seus olhos para sanar as contas públicas e evitar um retorno da inflação.

O órgão vê espaço para ir além na próxima reunião de 10 e 11 de dezembro, a última deste ano.

"O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deve permitir um ajuste adicional de igual magnitude", afirmou.

O BCB fez doze cortes sucessivos da taxa básica Selic entre outubro de 2016 e março de 2018, levando-a de 14,25% para 6,5%, e a manteve nesse nível até julho deste ano, quando a rebaixou para 6%, antes de cortá-la para 5,55 em setembro e a 5% nesta quarta-feira.

O novo ciclo foi possibilitado pelo avanço da reforma da Previdência, que permitirá uma economia de 800 bilhões de reais na próxima década.

Entretanto, a descompressão das taxas não dinamizou até agora a maior economia latino-americana, que viveu dois anos de recessão (2015 e 2016) e já quase três de crescimento fraco.

O mercado prevê uma expansão do PIB de 0,91% este ano, abaixo de 1,1% de 2017 e 2018. Um ritmo insuficiente para absorver o desemprego que afeta 12,6 milhões de brasileiros. Para 2020, a estimativa é de um crescimento do PIB de 2%.

Já a inflação deve fechar 2019 em 3,29%, abaixo da meta do BCB, de 4,25% (com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo), e chegar a 3,6% em 2020, segundo a pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BCB.

- Outras reformas -O economista Mauro Rochlin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de Rio de Janeiro, se diz "otimista", apesar da recuperação lenta.

"Os números começarão a surtir efeito dentro de pouco tempo. O Brasil pode voltar a crescer 3%" já em 2020, com a condição de realizar outras reformas, como a tributária, na lista do ministro de Economia Paulo Guedes, afirma Rochlin.

Para o presidente da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o novo corte da Selic foi "uma medida acertada", mas lamentou que "as taxas finais" acordadas pelos bancos com seus clientes continuem sendo "altíssimas".

Por isso, seria importante "implementar em paralelo uma agenda de estímulo à concorrência entre bancos e de diminuição dos spreads para aumentar o impacto da redução da Selic na reativação econômica e a geração de empregos".