Economia mundial alcança endividamento recorde, diz diretora do FMI
Washington, 7 Nov 2019 (AFP) - A economia mundial acumulou um endividamento recorde que implica em riscos, impulsionado em grande medida pelo setor privado, disse nesta quinta-feira (7) a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
A dívida mundial dos setores público e privado combinados alcançou 188 trilhões de dólares, cerca de 230% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, uma soma sem precedentes divulgada pela nova chefe do FMI em uma coletiva sobre endividamento.
A dívida mundial aumentou 14,6% em comparação com a estimativa do FMI de abril de 2018 (164 trilhões). Este crescimento, segundo Georgieva, coloca governos e indivíduos em risco se a economia se desacelera.
"O setor privado é um dos principais estímulos desta acumulação, atualmente representando quase dois terços do nível de dívida total", disse Georgieva.
Além disso, a dívida pública das economias avançadas está em níveis inéditos desde a Segunda Guerra Mundial, acrescentou.
"A dívida pública dos mercados emergentes alcançou os níveis registrados durante a crise da dívida dos anos 80. E a carga da dívida dos países de baixas receitas aumentou consideravelmente nos últimos cinco anos", afirmou.
Embora as taxas de juros continuem sendo baixas, os prestatários podem utilizar a dívida para realizar investimentos em atividades produtivas ou compensar os preços baixos das commodities, disse.
Ela também considerou que esta situação de dívida elevada não é apenas um risco para a estabilidade financeira, mas pode se tornar um obstáculo para o crescimento.
"A conclusão é que as altas cargas da dívida deixaram muitos governos, empresas e pessoas vulneráveis a um endurecimento repentino das condições financeiras", alertou.
Georgieva pediu medidas para garantir que "os empréstimos sejam mais sustentáveis", o que inclui tornar as práticas de créditos mais transparentes, e se preparar para a reestruturação da dívida com "credores não tradicionais", uma aparente alusão à China, que se tornou um importante credor para as nações em desenvolvimento, inclusive na África.
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