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Xi Jinping: violência em Hong Kong ameaça princípio 'um país, dois sistemas'

14/11/2019 15h37

Hong Kong, 14 Nov 2019 (AFP) - As recentes "atividades ilegais violentas" em Hong Kong "pisotearam severamente o Estado de Direito e a ordem social" nesta cidade semiautônoma - afirmou o presidente chinês, Xi Jinping, nesta quinta-feira (14), após quatro dias consecutivos de confrontos.

A violência "desafiou seriamente o princípio básico de 'um país, dos sistemas'", declarou Xi, em uma cúpula dos países integrantes do Brics (acrônimo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Brasília.

Segundo o "Diário do Povo", o presidente Xi disse que a China "dá um apoio firme" ao governo de Hong Kong e a sua polícia, acrescentando que "pôr fim à violência e restaurar a ordem é a tarefa mais urgente a cumprir".

Hoje, escolas e universidades de Hong Kong permaneceram fechadas, em meio aos atos dos manifestantes pró-democracia, que bloqueiam o território.

A tensão voltou a subir hoje, quando o jornal em língua inglesa "Global Times", próximo às autoridades chinesas, disse que o governo de Hong Kong pode anunciar um toque de recolher no fim de semana.

Publicada em uma mensagem no Twitter, a informação foi apagada sem explicações, e o governo de Hong Kong não confirmou, ou desmentiu, a notícia.

Depois de mais de cinco meses de manifestações, o movimento de protesto na ex-colônia britânica começou a aplicar esta semana uma nova tática. A "eclosão em todos os lugares" consiste em ações simultâneas em vários pontos do território ao mesmo tempo.

Os protestos são executados por pequenos grupos, formados principalmente por estudantes.

Nesta quinta-feira (14), várias avenidas foram bloqueadas com barricadas. Um dos três túneis expressos do território foi fechado, ao mesmo tempo em que várias estações de metrô e linhas de ônibus estavam fora de serviço. Com isso, boa parte da cidade de 7,5 milhões de habitantes fica paralisada.

As autoridades determinaram que escolas e universidades não abram as portas a partir da próxima semana. Os hospitais adiaram cirurgias não emergenciais, e muitas lojas estavam fechadas.

O governo de Hong Kong pediu às empresas que tenham compreensão com os funcionários que não conseguirem chegar ao local de trabalho. No horário de almoço, muitas pessoas que foram trabalhar participaram dos atos de protesto.

No bairro Central, sede de várias empresas estrangeiras, milhares de pessoas bloqueavam as ruas.

Hong Kong vive a crise política mais grave desde a devolução do Reino Unido à China em 1997. Os manifestantes pró-democracia mantêm as reivindicações ao governo local e a Pequim.

Ao longo da semana, foram registradas cenas de violência no território, em particular no metrô. Em condições normais, este transporte público é utilizado por uma média diária de quatro milhões de pessoas.

- Segunda pessoa morta em semana violentaCom uma situação já tensa após a morte, na última sexta-feira, do estudante Alex Chow, de 22 anos, o quadro se deteriorou na segunda de manhã, quando um policial feriu um manifestante desarmado a tiros. Ele continua em estado crítico.

Hoje, um homem de 70 anos morreu depois de ter sido atingido por um tijolo em confrontos entre manifestantes pró e antigoverno em Hong Kong, informou um hospital Prince of Wales.

"A situação do paciente se deteriorou continuamente. Ele faleceu", afirmou um porta-voz do hospital em um comunicado.

A polícia usou gás lacrimogêneo perto da Universidade Politécnica de Hong Kong, para onde foram convocados protestos.

Em uma mensagem publicada no Facebook, a polícia acusou os "amotinados" de lançar flechas contra os agentes.

Os estudantes começaram a usar novas armas, como catapultas artesanais, arcos, flechas e raquetes de tênis, para rebater as granadas de gás lacrimogêneo.

No campus, os estudantes construíram muros e barricadas de cimento para evitar uma possível intervenção da polícia.

Em setembro, o Executivo local desistiu do projeto de lei que autorizaria extradições para a China continental, o estopim dos protestos.

Desde então, porém, recusa-se a fazer novas concessões e defende a ação da polícia.

O governo de Pequim é ainda mais inflexível e deu a entender que poderia reforçar as medidas de segurança contra a violência.

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