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Corte de internet é cada vez mais comum no mundo em casos de protestos

28/11/2019 17h58

Paris, 28 Nov 2019 (AFP) - Os governos de vários países que registram protestos e violência optaram por cortar a internet, uma prática que, no entanto, é difícil de aplicar.

A ONG Access Now, que coordena uma campanha para o livre acesso à internet, encontrou 196 interrupções em 25 países em 2018, ante 106 em 2017 e 75 cortes em 2016. O aumento se deve, em parte, a uma melhor detecção.

No entanto, a tendência de aumento é forte, apontou a ONG ao apresentar os dados em junho. A comissão documentou cortes em países onde nunca haviam ocorrido, como Zimbábue ou Benin.

A internet é uma "rede de redes", públicas ou privadas, na qual os principais protagonistas são os provedores de acesso (FAI).

Para cortar o acesso de todo um país ou de uma determinada região - a Índia é criticada regularmente pelas ONGs pelos bloqueios na Caxemira indiana - é necessário isolar as redes locais do resto da internet mundial.

"É preciso conhecer a arquitetura da rede e poder atuar sobre as pessoas que a dirigem", explica Stéphane Bortzmeyer, um dos pioneiros da web na França e membro da ONG AFNIC.

A infraestrutura combina elementos físicos - fios e centrais de dados - com programas informáticos. É sobre estes últimos que um governo atua para cortar as comunicações.

"Os operadores têm, sem dúvidas, ferramentas de gestão da rede. Também se pode passar um proxy (um servidor intermediário), que filtrará todo ou parte do tráfego", afirma Mathieu Lagrange, diretor de redes e segurança do instituto de pesquisa tecnológica b>com.

"A maneira mais radical é que os operadores cortem completamente e não deixem nada escapar. Esse método funciona em países onde a internet é muito centralizada, quando todo o tráfego passa por um número limitado de nós controlados pelo Estado", explica Nicolas Chagny, presidente da Internet Society France.

- Filtrar e censurar -É o caso do Irã, que conta somente com três nós, controlados pelo estado, que permitem o contato entre a rede local e a mundial.

Desse modo, no dia 16 de novembro o tráfego habitual entre o país e o exterior reduziu em cerca de 95%.

Um "apagão histórico" por sua amplitude e sofisticação, segundo Doug Madory, do grupo de inteligência em internet Oráculo.

Em um blog, ele afirma que Teerã "criou e certamente manterá uma capacidade de controlar (e até bloquear) a internet", se apoiando em "gargalos".

Cortar a internet é uma decisão difícil para um país, pois congela as conexões interbancárias e atrapalha o comércio.

Os Estados que desejam controlar as trocas na internet podem solicitar que os provedores de acesso transfiram certos dados de e para determinados clientes.

Quando há uma conexão à internet, é possível evitar o filtro, graças a programas de computador como VPN, sempre que possam ser adquiridos.

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