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Senado dos EUA aprova acordo comercial com México e Canadá

16/01/2020 17h45

Washington, 16 Jan 2020 (AFP) - O Senado dos Estados Unidos aprovou definitivamente nesta quinta-feira (16) o acordo comercial T-MEC com México e Canadá em uma nova vitória para o presidente Donald Trump que enfrenta um processo de impeachment.

O texto é uma versão modificada do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta) que estava em vigor desde 1994 e que Trump forçou uma revisão.

O Senado, dominado pelos republicanos, aprovou o texto por 89 votos a favor e 10 contra. Agora o tratado depende da sanção do presidente, que o assinará.

Andrés Manuel López Obrador, o presidente do México - para quem o tratado e suas relações com seu vizinho do Norte são determinantes para sua economia - celebrou imediatamente a aprovação.

"Isso é algo muito significativo, é uma boa notícia porque este tratado significará mais confiança no México, para a chegada de investimentos, para que as empresas se instalem, para que haja trabalho com bons salários", disse.

"Com isso se termina uma fase, uma etapa importante", acrescentou.

O T-MEC foi inicialmente assinado em 30 de novembro de 2018, e ratificado pelo México em junho deste ano.

Sua confirmação no Congresso dos Estados Unidos foi dificultada porque os legisladores democratas exigiram previsões para garantir o cumprimento de uma reforma trabalhista mexicana exigida para evitar a concorrência desleal com os trabalhadores americanos.

Após meses de negociações, chegou-se a um acordo sobre emendas e um novo protocolo do T-MEC foi concluído em 10 de dezembro na Cidade do México pelos Executivos dos três países.

A versão final do T-MEC já foi ratificada pelo Senado mexicano em 12 de dezembro. O Canadá prometeu que sua ratificação seria feita assim que os Estados Unidos fizesse o mesmo.

- Um ano de intensas negociações -Sua aprovação no Senado é concretizada um dia depois de Trump assinar um primeiro acordo com a China, que marca uma trégua na guerra comercial entre os dois países.

A Câmara de Representantes, dominada pelos democratas, havia aprovado o texto do T-MEC em 19 de dezembro, após impôr várias emendas ao texto inicial.

O subscretário mexicano para América do Norte, Jesús Seade, que viajou em incontáveis ocasiões a Washington para negociar o acordo, celebrou no Twitter a aprovação.

"Culmina um ano de intensas negociações adicionais", disse afirmando que essas emendas sem dúvida melhoraram o tratado para todos. "Atentos a nossos amigos no Canadá", acrescentou.

Nos últimos 25 anos, a integração com seus vizinhos do norte foi determinante para o México, que multiplicou exponencialmente suas vendas para os Estados Unidos para onde se envia a maior parte de suas exportações, em particular bens manufaturados e produtos agrícolas.

- A estratégia de pressão máxima -Entre aqueles que se opuseram no Senado, está o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, que explicou que esse acordo não aborda as mudanças climáticas, que são "a maior ameaça que o planeta enfrenta".

Bernie Sanders, o senador por Vermont que deseja ser o candidato dos democratas nas eleições presidenciais, também foi contra. Para ele, a ausência de uma menção à luta contra as mudanças climáticas é fundamental, além de outras preocupações por temas sindicais.

Em sua aprovação na Câmara de Representantes, os democratas destacaram que este pacto "dinamizará a economia dos Estados Unidos", apoiando os trabalhadores, protegendo o meio ambiente, além de contribuir para que haja um acesso a medicamentos a um preço acessível.

Embora o acordo deixe ganhadores e perdedores, os economistas consideram que em termos gerais ele ajuda o crescimento e melhora os níveis de vida na América do Norte.

Nos Estados Unidos, as empresas e os representantes dos produtores agrícolas haviam presionado os legisladores para que avançassem com o tratado e ajudassem a terminar com a incerteza comercial.

O comércio dos Estados Unidos com Canadá e México sustenta 12 milhões de empregos nos Estados Unidos e dos 50 estados do país, 49 têm no México ou no Canadá um de seus três principais destinos de exportações, segundo dados da Câmara de Comércio.

Com a ratificação do tratado, os assessores de Trump desejam que a estratégia de pressão máxima utilizada pelo presidente americano, incluindo as ameaças de impor tarifas punitivas, se justifica.

Trump disputará a reeleição em 10 meses, mas antes deve superar um julgamento político no Senado por acusações de abuso de poder e obstrução ao Congresso.

an/gm/cc