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Em semana difícil, mercados financeiros têm pior queda desde crise de 2008

28/02/2020 19h08

Paris, 28 Fev 2020 (AFP) - Os mercados financeiros mundiais viveram uma semana sombria, devido às consequências devastadoras para a economia do coronavírus, e algumas bolsas registraram quedas sem precedentes desde a crise de 2008.

Em Nova York, o Dow Jones Industrial Average de Wall Street, fechou queda de 1,4% na sexta-feira. Na semana, o recuo foi de 12,4%.

Na Europa, Paris caiu 3,38%, Frankfurt 3,86%, Londres teve queda de 3,39%; Madri caiu 2,92% e Milão, 3,58%.

Anteriormente, as bolsas de Xangai, Sidney e Tóquio também perderam mais 3%, e Jacarta mais de 4%.

O petróleo também sofreu com os efeitos nos mercados financeiros.

O barril de WTI para entrega em abril fechou com queda de 4,9%, a 44,76 dólares. Na semana a baixa foi de 16,1%, a mais significativa em uma semana desde 2008.

O Brent do Mar do Norte para entrega em abril caiu 3,2% a 50,52 dólares em Londres. Perdeu 13,6% na semana, o maior percentual desde o final de 2018.

As perdas sofridas pelas ações europeias desde sexta-feira passada - cerca de 12% a 13% - são as mais importantes desde a crise financeira de 2008-2009, quando a economia entrou em recessão.

Outros sinais são igualmente preocupantes, como o nível do índice de volatilidade VIX (ou "índice do medo"), o mais alto desde 2011, ano da crise da dívida pública na zona do euro.

"Em um contexto de mercados supervalorizados, o que temíamos ocorreu: o choque financeiro causado pela disseminação do vírus fora da China é muito forte, o que dá uma nova dimensão à crise", ressalta a analista Véronique Riches-Flores.

É uma crise financeira, "por muito tempo temida que, se prolongada, terá consequências potencialmente mais prejudiciais do que a própria epidemia da COVID-19", acrescenta.

Com isso, "apaga-se quase todo movimento ascendente desde o verão passado (boreal), e isso em apenas uma semana", destaca Tangi Le Liboux, estrategista da Aurel BGC.

Para o futuro, "o risco é importante, porque a epidemia continua a se espalhar, ameaçando um número crescente de regiões ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos", a primeira economia global, à frente da China, aponta Riches-Flores.

Até pouco tempo, a China era o único foco da epidemia, mas o risco se multiplicou com o surgimento de novos surtos, como na Coreia do Sul, no Irã e na Itália.

Os últimos países que entraram na lista são Holanda, Bielorrússia, Nova Zelândia e Nigéria, o primeiro país com pessoas infectadas na África subsaariana.

Segundo vários analistas, não é tanto a gravidade da epidemia que preocupa, mas as medidas tomadas para contê-la, especialmente prejudiciais à economia.

"O impacto econômico é totalmente imprevisível. E é essa situação que faz as bolsas caírem", explica Le Liboux.

Nesse contexto, os investidores estão se voltando para valores-refúgio, principalmente obrigações do Estado, ou ouro.

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