IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

BCE anuncia arsenal limitado de medidas para enfrentar coronavírus

12/03/2020 13h34

Frankfurt am Main, 12 Mar 2020 (AFP) - O Banco Central Europeu anunciou nesta quinta-feira uma série de medidas para tentar combater o pânico financeiro e lidar com o novo coronavírus, que terá um "grande impacto" na economia da zona do euro.

A zona do euro enfrenta uma rápida disseminação do novo coronavírus, que abalou a vida cotidiana e até levou ao isolamento de regiões inteiras e ao fechamento de fronteiras.

A epidemia terá um "grande impacto" na economia da zona do euro, alertou a presidente do BCE, Christine Lagarde, nesta quinta-feira, pedindo aos Estados que adotem medidas "coordenadas" depois que a instituição apresentar seu pacote de medidas.

Ao contrário do que os analistas previram, a instituição não alterou suas taxas de juros: a principal ficou bloqueada em zero - como desde março de 2016 - e as outras duas mantiveram-se inalteradas, acelerando a queda nos mercados de ações.

A decisão, que é explicada pela estreita margem de manobra da instituição, contrasta com as drásticas quedas nas taxas anunciadas pelo Federal Reserve dos EUA e pelo Banco da Inglaterra, entre outros bancos centrais, que nem sequer esperaram por suas reuniões habituais.

Embora o BCE tenha indicado em sua declaração que "não constatou sinais óbvios de estresse nos mercados monetários ou falta de liquidez no sistema bancário", decidiu adotar um pacote de medidas que combina empréstimos a bancos e a compra de dívida pública e privada.

O BCE lançou um programa de empréstimos especialmente projetado para pequenas e médias empresas - uma medida sem precedentes - para os bancos ajudarem as principais empresas afetadas pela epidemia a sobreviver até o fim do mês.

O objetivo é impedir que as falências sejam encadeadas, o que teria consequências catastróficas. Além disso, o BCE anunciou que comprará uma dívida adicional de 120 bilhões de euros este ano, especialmente no "setor privado".

A iniciativa reforçará o programa que foi reativado em novembro para a compra mensal de 20 bilhões de euros de ativos públicos e privados.

Além disso, a instituição autorizará os bancos sob sua supervisão a evitar temporariamente os requisitos prudenciais de capital e liquidez em vigor.

Com isso, o objetivo é que os estabelecimentos financeiros "possam continuar a desempenhar seu papel no financiamento da economia real, à medida que os efeitos econômicos do coronavírus se tornarem mais aparentes", destacou o BCE.

- Pedido aos Estados -O fato de a zona do euro entrar ou não em recessão "dependerá claramente da velocidade, força e natureza coordenada" da resposta "de todos os atores", insistiu Lagarde.

Ela pediu aos Estados para "enfrentar o desafio da saúde" e "limitar o impacto econômico" com uma "resposta orçamentária ambiciosa e coordenada".

Nesse sentido, Christine Lagarde declarou-se "preocupada" com "a lentidão e complacência" dos governos da zona do euro diante da epidemia.

Especialistas do BCE preveem um crescimento de 0,8%, de acordo com as projeções divulgadas na quinta-feira, em comparação com 1,4% projetados em dezembro. Mas as previsões, que foram interrompidas em 24 de fevereiro, "não estão mais atualizadas" e não levam em consideração a evolução mais recente da doença, acrescentou o presidente do BCE.

Em suma, os anúncios não pareceram seduzir os mercados: os principais mercados europeus estavam no vermelho às 13:30 GMT e o índice Dax da Bolsa de Frankfurt perdeu 7,42%.

jpl/cfe/cj/hh/bl-jvb/eg/cc