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Trump diz que Opep+ estuda cortar produção de petróleo em 20 milhões de bpd

13/04/2020 17h52

Washington, 13 Abr 2020 (AFP) - A Opep e seus aliados estão considerando cortar a produção de petróleo em 20 milhões de barris por dia, segundo um acordo para estimular os preços, afirmou nesta segunda-feira Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, país que não integra o grupo.

"Tendo participado das negociações, para dizer de forma moderada, o número que a Opep+ está considerando cortar é de 20 milhões de barris por dia, não os 10 milhões que geralmente estão sendo relatados", escreveu Trump no Twitter.

Trump disse que o acordo de domingo - que remove cerca de 10 milhões de barris por dia do mercado - ajudará o setor de energia a se recuperar do impacto da nova pandemia de coronavírus.

"Obrigado a todos que trabalharam comigo para recuperar essa grande indústria, principalmente a Rússia e a Arábia Saudita", acrescentou.

Os preços do petróleo subiram na Ásia nesta segunda-feira, mas caíram com o fechamento dos mercados, pois os investidores temiam que o pacto não cortasse a produção o suficiente para sustentar os preços e compensar a menor demanda.

As afirmações de Trump ajudaram a sustentar um pouco os preços em um mercado vacilante. Mas no fechamento o barril de WTI para entrega em maio caiu 1,5%, a US$ 22,41, enquanto o Brent do Mar do Norte para entrega em junho subiu 0,83%, a US$ 31,74.

- Acordo negociado -Os principais produtores estão trabalhando em um pacto há dias, e um acordo foi anunciado na sexta-feira, sem divulgar números, quando Trump disse que ajudaria o México, que até então estava relutante em cortar a produção conforme solicitado.

O México aceitou o acordo na sexta-feira, depois que Trump prometeu ajudá-lo com sua desaceleração da produção, em troca de um reembolso dessas compras "em uma data posterior".

De fato, foi a secretária de energia do México, Rocio Nahle, quem primeiro relatou o corte de 9,7 milhões de barris acordado no domingo no âmbito das negociações da OPEP+, seus aliados e outros países produtores.

Os preços do petróleo diminuíram devido à queda da atividade econômica global no contexto da pandemia, bem como à guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia.

A Opep e seus aliados reunidos na Opep+ concordaram no domingo em uma redução diária de 9,7 milhões de barris (mbd) de produção em maio e junho.

A produção vai aumentar gradualmente. O corte passará para 7,7 de julho a dezembro e para 5,8 mbd de janeiro a abril de 2022.

- Dúvidas entre analistas -Este corte "histórico" - como foi descrito pelo secretário-geral da OPEP, Mohammed Barkindo - busca sustentar os preços do petróleo, atingidos pelas medidas de confinamento e pela desaceleração do transporte mundial e do consumo de energia.

Mas para Andy Lipow, da Lipow Oil Associates, os 20 mbd de Trump são mais uma meta do que uma realidade concreta.

Segundo este especialista, nem sequer é certo que os cortes de 9,7 mbd serão respeitados.

"Muitas questões permanecem sobre o número de barris a serem retirados do mercado", explicou Lipow.

"Qualquer aumento de preço nos próximos meses incentivará os produtores a continuar produzindo. É o dilema que a OPEP deve enfrentar", enfatizou.

"A flexibilidade e o pragmatismo nos permitirão continuar fazendo mais, se necessário", afirmou antes de Trump o ministro da Energia saudita, Abdulaziz bin Salman, citado pela agência Bloomberg.

"Teremos que observar como a situação evolui no nível de demanda, se a destruição continua ou se haverá uma melhoria", destacou.

- 'Dilema do Texas' -Além do consumo em queda livre, o mercado do petróleo foi afetado nas últimas semanas pela colisão frontal da Arábia Saudita e Rússia, os maiores produtores de petróleo do mundo depois dos Estados Unidos.

Em março, Riade e Moscou iniciaram uma guerra de preços e de partes do mercado após o fracasso de uma tentativa de acordo para reduzir a produção.

A forte queda na demanda devido ao coronavírus, associada a um aumento unilateral de produção na Arábia Saudita, diminuiu os preços. Essa situação prejudicou particularmente os produtores de petróleo dos EUA, que precisam de determinados níveis de preço para serem rentáveis.

Trump, em seguida, evocou uma redução na produção nos Estados Unidos. Essa decisão, no entanto, não é realmente do governo federal em um país de mercado absolutamente livre para este setor.

Alguns analistas sugeriram que ocorreu um declínio "natural" na produção com a queda dos preços de petróleo, uma estrutura que começou a se refletir no último relatório semanal da Agência de Informações de Energia Americana (EIA).

O presidente Trump também destacou no mês passado que pretende trazer as reservas estratégicas de petróleo dos Estados Unidos à sua capacidade máxima.

Por sua vez, o estado do Texas (sul), que produz 40% do petróleo nos EUA, pode decretar cortes por meio de sua autoridade reguladora, a Texas Railroad Commission (RRC), uma decisão que seria excepcional.

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