Preço do petróleo americano registra forte queda
A cotação do petróleo americano registrou queda de quase 20% nesta segunda-feira, abaixo de 15 dólares o barril na Ásia, um novo mínimo em mais de duas décadas, consequência da redução expressiva da demanda mundial provocada pela pandemia de coronavírus.
O barril americano West Texas Intermediate (WTI) perdeu 18,45% e era negociado a 14,90 dólares a unidade nas operações asiáticas, enquanto o Brent do Mar do Norte recuava 3%, a 27,23 dólares o barril.
O mercado de petróleo registrou nas últimas semanas o menor nível de preços em quase 20 anos, porque os bloqueios e as restrições das viagens em todo o planeta têm um forte impacto na demanda.
A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da OPEP, inicio uma guerra de preços com a Rússia, que não integra a organização.
Os dois países encerraram a disputa no início do mês, quando aceitaram, ao lado de outros países, reduzir a produção em quase 10 milhões de barris diários para estimular os mercados afetados pelo vírus.
Mas os preços continuam em queda. Analistas consideram que os cortes não são suficientes para compensar a forte redução da demanda.
"Os preços do petróleo continuarão sob pressão", destaca o banco ANZ em um comunicado.
"Embora a OPEP tenha aceitado uma redução sem precedentes na produção, o mercado está inundado de petróleo", acrescenta a nota, em referência à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aos países sócios que não integram a OPEP.
"Ainda existe o temor de que as instalações de armazenamento nos Estados Unidos estejam ficando sem capacidade", analisa o banco.
Michael McCarthy, especialista da CMC Markets, afirma que a queda do WTI "evidencia um excesso" das reservas de petróleo no terminal de Cushing (Oklahoma, sul dos Estados Unidos).
O índice de referência americano agora está "desvinculado" do Brent, referência do petróleo europeu, e "a diferença entre os dois atingiu o nível mais elevado em uma década", ressaltou.
O contrato de barril de WTI para entrega em maio termina em breve, o que significa que aqueles que o assinaram têm que encontrar compradores físicos. Mas as reservas já aumentaram muito nos Estados Unidos nas últimas semanas e, portanto, terão que baixar seus preços.
A Administração de Informações sobre Energia dos Estados Unidos informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris na semana passada.
Sukrit Vijayakar, analista da Trifecta Consultants, destaca que as refinarias americanas não conseguem transformar o petróleo cru de maneira suficientemente rápida, o que explica por que há menos compradores e reservas continuam aumentando.
"Acredito que em breve voltaremos aos menores níveis desde 1998, por volta dos 11 dólares", afirmou Jeffrey Halley, analista de mercados da OANDA entrevistado pela AFP.
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