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Pedidos de seguro-desemprego nos EUA caem, mas desigualdades se aprofundam

Os EUA registraram 1,87 milhão de novos pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada em 30 de maio, informou o Departamento do Trabalho - Yuri Gripas/Reuters
Os EUA registraram 1,87 milhão de novos pedidos de seguro-desemprego na semana encerrada em 30 de maio, informou o Departamento do Trabalho Imagem: Yuri Gripas/Reuters

04/06/2020 14h55Atualizada em 04/06/2020 15h38

O número de americanos que solicitam seguro-desemprego diminui um pouco a cada semana, mas a taxa de desemprego pode ter chegado a 20% em maio e as manifestações que abalam o país mostram a desigualdade diante da crise de acordo com a cor da pele.

Os Estados Unidos registraram 1,87 milhão de novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada, informou hoje o Departamento do Trabalho. O número, no entanto, foi 249 mil a menos que na semana anterior, indicando uma diminuição na taxa de demissões desde o início da pandemia no país.

Dos 6,8 milhões de novos desempregados registrados na última semana de março, o número semanal de novos inscritos está diminuindo lentamente a cada semana, embora o volume acumulado de pessoas sem emprego esteja crescendo.

No total, cerca de 43 milhões de americanos se inscreveram para receber seguro-desemprego nos últimos dois meses e meio. Mas apenas cerca de 21,5 milhões haviam sido compensados na semana de 17 a 23 de maio.

A diferença é explicada porque algumas pessoas não podem acessar os subsídios, enquanto outras encontraram um novo emprego. "Embora o declínio no número de novos pedidos seja uma boa notícia e mais uma prova de que as piores perdas de empregos acabaram, o renascimento no mercado de trabalho deve ser dolorosamente lento", observaram analistas da Oxford Economics em nota.

A perda de emprego no setor privado continuou em maio, embora a taxa tenha sido 10 vezes menor do que em abril, o pior mês da crise econômica.

Além disso, a produtividade nos Estados Unidos caiu 0,9 ponto percentual no primeiro trimestre de 2020 em relação ao último trimestre de 2019, abaixo dos 2,5% esperados, segundo dados publicados hoje pelo Departamento do Trabalho.

O déficit comercial dos Estados Unidos, por outro lado, subiu 16,7% em abril, em meio ao colapso das exportações devido à pandemia de coronavírus, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta. O déficit da balança comercial foi de US$ 49,4 bilhões.

Discriminação e desigualdade

A taxa de desemprego de maio será publicada nesta sexta-feira (5) e poderá chegar a 20%, de acordo com as expectativas dos analistas, depois de atingir 14,7% em abril, ante 3,5% em fevereiro, o nível mais baixo em abril em 50 anos.

Uma taxa de desemprego tão alta remonta somente à década de 1930, nos tempos da Grande Depressão, quando atingiu 25%.

Os Estados Unidos têm vivido dias de intensos protestos contra o racismo e a violência policial desde a morte, há 10 dias, de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um policial branco.

O presidente Donald Trump, candidato à reeleição em novembro, é amplamente criticado por administrar essa crise.

"Não podemos permitir que esta crise cause mais sofrimento econômico aos afro-americanos", reagiu Joe Biden, candidato democrata às eleições presidenciais de 3 de novembro. "As comunidades negras e latino-americanas são as mais atingidas", acrescentou.

Os dados apontam que 16,7% dos negros americanos e 18,9% dos hispânicos do país estavam desempregados em abril, acima dos 14,2% de desemprego entre os brancos.

Devido à "longa história de exclusão racial, discriminação e desigualdade, há menos pessoas ativas, rendas e economias mais fracas em cada família (minoria negra) do que entre os trabalhadores brancos", explica um estudo de Valerie Wilson e Elise Gould, do Instituto de Política Econômica, publicou segunda-feira.

O estudo explica que em 2018, "a renda mediana das famílias brancas era 70% maior que a das famílias negras (US$ 70.642 contra US$ 41.692)".