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Credores da Argentina cogitam entrar na Justiça ante fracasso das negociações

18/06/2020 06h05

Buenos Aires, 18 Jun 2020 (AFP) - O principal grupo de credores da Argentina advertiu que avalia entrar na Justiça depois do que classificou como "fracasso das negociações" para reestruturar quase 66 bilhões de dólares de dívida em títulos emitidos sob legislação estrangeira.

"Dado o fracasso das negociações, nosso grupo está considerando todos os direitos e recursos legais disponíveis em nossa capacidade como fiduciários para os milhões de poupadores que servimos em todo o mundo", afirma um comunicado divulgado na madrugada de quinta-feira pelo Grupo Ad Hoc de Detentores de Títulos Argentinos, liderado pelo fundo BlackRock, o mais importante dos três que negociam.

"Apesar das melhorias adicionais à proposta, as autoridades optaram por permanecer em descumprimento de pagamentos (default), aumentando os riscos de deterioração econômica em uma economia que tem necessidades urgentes de novos investimentos e acesso aos mercados internacionais de capital", completou o grupo, que participa desde abril das negociações para uma troca da dívida com a Argentina.

O governo argentino estabeleceu a próxima sexta-feira como prazo final para um acordo de reestruturação da dívida.

Durante as negociações, as partes assinaram um acordo de confidencialidade, que expirou na quarta-feira sem que a Argentina apresentasse uma nova proposta formal, por divergências com os credores.

"Vamos pagar na medida do possível, nem um milímetro a mais. E nisso sou inflexível, porque conheço como estão as finanças do mundo. Não podem exigir da Argentina o que não exigem do mundo", advertiu o presidente Alberto Fernández.

"Estamos fazendo um trabalho para tentar aproximar posições. Se não querem aproximá-las, não depende mais de mim", completou o presidente.

A Argentina entrou em default em 22 de maio, quando não pagou 500 milhões de dólares em juros de três dos títulos sujeitos à troca.

A dívida pública argentina alcança 324 bilhões de dólares, quase 90% do PIB.

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