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Funcionário escolhido por Trump altera difusão pública nos EUA e gera temores

18/06/2020 16h48

Washington, 18 Jun 2020 (AFP) - O chefe da agência americana que supervisiona as organizações de radiodifusão financiadas pelo governo, Michael Pack, gerou um terremoto na mídia dos EUA após demissões que aumentaram os temores sobre uma possível politização de suas linhas editoriais.

Vários diretores de veículos financiados pelo governo renunciaram ou foram demitidos por Pack, que assumiu a Agência de Mídia Global dos Estados Unidos (USAGM).

As medidas levantaram suspeitas sobre se o novo diretor, nomeado pelo presidente Donald Trump, busca acabar com a independência editorial da mídia, que inclui a Radio Free Europe, Radio Liberty, Radio Free Asia, Midedle East Broadcasting Networks, Voice of America e a Radio e TV Marti.

"Michael Pack confirmou que está em uma missão política para destruir a independência da USAGM e minar seu papel histórico", declarou o senador democrata de Nova Jersey, Bob Menendez.

"A demissão generalizada dos diretores das redes da agência e a dissolução dos conselhos corporativos para colocar aliados políticos do presidente Trump são uma violação terrível à história e missão dessa organização que nunca será recuperada", acrescentou Janet Steele, diretora do Instituto de Diplomacia Pública e Comunicação Global da Universidade George Washington, ao expressar preocupação com o futuro da radiodifusão estatal.

Para Stelle, a demissão de chefes da mídia "confirma os piores temores daqueles que acreditavam que a nomeação de Michael Pack fazia parte de um esforço para tornar a USAGM o braço da propaganda internacional do governo Trump".

As jornalistas experientes e diretora e a vice-diretora do Voice of America, respectivamente Amanda Bennett e Sandy Sugawara, anunciaram suas demissões na última segunda, quando Pack finalizava os últimos pontos antes de assumir o cargo.

Na quarta, Pack demitiu os chefes de outro veículo e dissolveu os conselhos que supervisionam as organizações.

A agência, que é financiada pelo governo e é estruturada para operar com independência editorial e atender países que não possuem liberdade de imprensa, não quis comentar sobre a situação com a AFP.

Ao longo do seu mandato, Trump desencadeou inúmeras críticas à mídia.

Em abril, a Casa Branca acusou o Voice of America de realizar "propaganda" chinesa em relação à pandemia do novo coronavírus, e instruiu as autoridades de saúde americanas a rejeitarem as entrevistas propostas em relação à cobertura da pandemia, segundo Bennett.

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