Sem reformas urgentes, economia do Iraque sofrerá 'impactos irreversíveis', diz ministro à AFP
Bagdá, 22 Jun 2020 (AFP) - A economia do Iraque sofrerá "impactos irreversíveis" se não forem aplicadas reformas urgentes "dentro de um ano", alertou nesta segunda-feira o ministro das Finanças iraquiano, Ali Allawi, em entrevista exclusiva à AFP.
"As reformas são inevitáveis", afirmou o acadêmico, 73, que ocupa o cargo há um mês e meio, em um país cuja receita caiu pela metade com a queda recente dos preços do petróleo.
"Se não resolvermos a situação em um ano, iremos sofrer impactos irreversíveis", alertou o ministro, no momento em que as projeções apontam para uma contração da economia iraquiana de 10% neste ano.
Ali Allawi, que esteve a cargo das Finanças durante o governo interino, em 2005-2006, estima que a situação é pior hoje, uma vez que Bagdá enfrenta uma "crise econômica existencial".
Naquele momento, o preço do barril de petróleo era equivalente a cerca de 35 dólares, mas o número de funcionários do Estado iraquiano não chegava a 1 milhão. Hoje, são mais de 4 milhões e outros tantos iraquianos que recebem aposentadoria e outras pensões do Estado, num total mensal de cerca de 4,5 bilhões de dólares.
Segundo Allawi, o governo deverá pagar em dia os salários de junho e julho, mediante empréstimos dos bancos estatais. "É possível fazê-lo até um certo nível. Mais do que isso, estaremos expostos a riscos graves", advertiu.
Diante de gastos que não fizeram mais do que aumentar ao longo dos anos, o governo, diz o ministro, encontrou os cofres vazios, 17 anos após a invasão americana que derrubou Saddam Hussein e estabeleceu um novo sistema político, corroído por clientelismo e corrupção.
Especialistas, entre eles Allawi, afirmam que é necessário revisar todo o sistema de financiamento do segundo maior produtor da Opep. Após seis meses de uma revolta popular inédita contra a classe política, os iraquianos deverão passar por um período de austeridade que poderá durar até dois anos, indicou o ministro.
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