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Bayer anuncia acordo de US$ 10 bilhões para encerrar ações envolvendo herbicida

24/06/2020 17h22

Frankfurt, Alemanha, 24 Jun 2020 (AFP) - A gigante alemã do setor de química Bayer anunciou nesta quarta-feira um acordo de mais de 10 bilhões de dólares para indenizar mais de 100 mil demandantes nos Estados Unidos que tiveram câncer e atribuem a doença ao herbicida Roundup.

"O acordo permitirá encerrar cerca de 75% dos atuais casos de litígio relacionados ao Roundup, que envolvem cerca de 125 mil reivindicações", diz um comunicado da empresa alemã.

"Permitirá encerrar um longo período de incertezas", comemorou Werner Baumann, diretor-geral da Bayer, citado no texto. "Resolve as reclamações atuais e cria um mecanismo claro para gerir o risco de futuros litígios. É financeiramente razoável em relação aos riscos financeiros importantes que uma disputa de vários anos implicaria", sem falar nos danos à sua "reputação", assinalou.

A Bayer pagará entre 8,8 bilhões e 9,6 bilhões de dólares para resolver o litígio e 1,25 bilhão para sanar futuros litígios", diz o comunicado. O grupo alemão perdeu os três primeiros julgamentos relacionados ao principal componente do Roundup, o glifosato, nos Estados Unidos, processos que não estão incluídos no acordo anunciado hoje e que a Bayer afirma que continuará contestando mediante apelações.

Em 2019, a Bayer comprou a rival Monsanto por 63 bilhões de dólares. Desde então, herdou todos os processos contra a mesma. A Bayer nega que o glifosato cause danos à saúde e afirma que isto não foi provado em nenhum tribunal desde que o produto começou a ser comercializado, nos anos 1970.

"Esta solução é importante para os nossos clientes, pois se trata de uma batalha longa e árdua", disse à AFP Jennifer Moore, advogada de vítimas.

- 'Nenhum reconhecimento de responsabilidade' -

Segundo a gigante alemã, este acordo e outros de menor importância financeira "não contêm nenhum reconhecimento de responsabilidade ou falta". O mesmo não encerrará a polêmica envolvendo o Roundup - classificado em 2015 como "possivelmente cancerígeno" pelo Centro Internacional contra o Câncer (Circ), instância da OMS - e o glifosato.

"Precedente formidável para as demais vítimas e todos que lutam contra o glifosato e os que o autorizam", assinalou a advogada e ex-ministra do Meio Ambiente francesa Corinne Lepage.

A Bayer também anunciou dois acordos menores, envolvendo 400 milhões de dólares, entre eles um sobre o Dicamba, produto acusado de causar danos a lavouras vizinhas aos locais onde ele foi aplicado, nas safras de 2015 a 2020.

Às 18h30 GMT, a ação da empresa subia cerca de 6%, a 74 euros, na plataforma alemã de negócios Tradegate.

mfp-jpl/evs/lb

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